Resenha: Corte de Espinhos e Rosas

segunda-feira, 29 de maio de 2017
 

Por: Raven Hraesvelg
Perfil: https://fanfiction.com.br/u/334899/

Olá, pessoa! (Infelizmente não temos o CAPTCHA para confirmar que você não é um robô, então te tratarei como pessoa mesmo, ok?). Como o Rodrigo noticiou, agora eu também estarei trazendo resenhas para o Blog, yey!
Eu estava meio que num dilema quanto ao que trazer para resenhar, porque ou eu trazia um livro que eu goste, mas que já li há um tempo, ou eu trazia um livro que li recentemente e não gostei tanto. Mas como eu gosto de reclamar, trouxe o livro mais recente lido mesmo.
Como o título indica, estarei comentando sobre o livro Corte de Espinhos e Rosas. Esta resenha é mais focada no primeiro livro, porém eu vou fazer uns paralelos com o segundo livro (a série atualmente tem três livros publicados — o terceiro foi lançado ainda esse mês, então não li). Por quê? Digamos que se eu resenhasse só o primeiro livro da série eu acabaria desencorajando a leitura, o que eu não quero fazer porque, para o público alvo a que é dirigido, acho que é uma série que vale a pena ser lida.
Eu particularmente não gosto de livros Young Adult e não sou muito dada ao romance (principalmente esses voltados para mais para jovens), porém uma amiga me obrigou recomendou ler essa série e me afirmou com toda a certeza que até eu iria ver alguma coisa positiva neles (no segundo livro, pelo menos. Ela bem me avisou que seria difícil passar do primeiro, mas que valeria a pena). Dito e feito, valeu mesmo a pena, apesar de eu ter relevado muita coisa em prol dos temas que são abordados. Gostei muito de como certos assuntos são retratados, sendo fiéis ao que acontece na realidade, e sem romantizações desnecessárias de temas sérios. Sem mais delongas, vamos à resenha.

Autor: Sarah J. Maas
Título Original: A Court of Thorns and Roses
Tradução: 434 páginas
Editora: Galera Record
Sinopse: Nesse misto de A Bela e A Fera e Game of Thrones, Sarah J. Maas cria um universo repleto de ação, intrigas e romance. Depois de anos sendo escravizados pelas fadas, os humanos conseguiram se libertar e coexistem com os seres místicos. Cerca de cinco séculos após a guerra que definiu o futuro das espécies, Feyre, filha de um casal de mercadores, é forçada a se tornar uma caçadora para ajudar a família. Após matar uma fada zoomórfica transformada em lobo, uma criatura bestial surge exigindo uma reparação. Arrastada para uma terra mágica e traiçoeira — que ela só conhecia através de lendas —, a jovem descobre que seu captor não é um animal, mas Tamlin, senhor da Corte Feérica da Primavera. À medida que ela descobre mais sobre este mundo onde a magia impera, seus sentimentos por Tamlin passam da mais pura hostilidade até uma paixão avassaladora. Enquanto isso, uma sinistra e antiga sombra avança sobre o mundo das fadas e Feyre deve provar seu amor para detê-la... ou Tamlin e seu povo estarão condenados.
Resenha:
Já deu para perceber pela sinopse que esse livro parece ser um senhor clichê, não? Confesso que foi complicado ler esse livro, levei dias para conseguir chegar na metade do livro porque a história não me descia. Eu só consegui pegar um ritmo de leitura lá para o final do livro.
A protagonista, Feyre, é aquele estereótipo que a gente já conhece muito bem: uma garota que perdeu tudo o que tinha, precisando aprender a caçar para alimentar a família e que não é a exata definição de simpatia, além de ter uma personalidade meio medíocre, que não sabe se impor e que "precisa de cuidados" (ela tem problemas com baixa autoestima, auto piedade excessiva e por aí vai). Só depois de ter lido os dois livros dessa série foi que entendi que a escritora fez isso de propósito, talvez até mesmo como uma crítica, porque uma das coisas que ela mais gosta de fazer nos livros dela é o desenvolver seus personagens. Percebi que ela gosta de trabalhar bastante com o lado psicológico, abordando até mesmo estresse pós-traumático, depressão, etc, e ela usa isso para “evoluir” seus personagens (todos, não só a protagonista). Aliás, fazendo um adendo aqui, outro ponto alto da Sarah J. Maas é que ela trabalha bem as emoções e sentimentos na sua narração e eu adoro quando um escritor faz isso.
Mas voltando à Feyre, como era meu primeiro contato com a autora e com a escrita dela, foi muito difícil gostar da protagonista nesse primeiro instante, antes de perceber que havia um motivo por trás do comportamento dela. Com o passar da leitura você percebe isso e também repara que a própria protagonista reconhece um pouco essa passividade que ela tem. Ainda assim era extremamente irritante ver algumas coisas, como, por exemplo, o modo do pai e as irmãs mais velhas a tratavam (o que na verdade acaba por ser interessante, porque Maas demonstra nessa situação que famílias também podem ser abusivas) e também o modo como ela vai se relacionar com o Tamlin.
E desse macho aí eu nem quero comentar muito (eles usam “macho” no livro mesmo, referindo-se aos homens féericos), primeiro porque vou estragar a experiência de quem ainda não leu os livros e segundo porque não vai sair coisa agradável daqui. Assim como Feyre, ele é o personagem que a gente já viu em infinitos livros Young Adult. É príncipe da Corte da Primavera (agora imagem borboletas saindo da tela e voando ao seu redor enquanto passarinhos assoviam uma canção; é exatamente essa impressão que você tem ao ler as descrições dessa corte). E quanto os dois se apaixonam... Melodrama, doce melodrama. Muito felizmente eu acabei descobrindo que esse romance foi um mal necessário para tocar num assunto muito importante que só vai ser trazido à tona no segundo livro. Não se enganem com a relação deles, lembrem do que eu disse sobre a família dela.
Sobre o enredo em si, eu diria que uns 80% do livro é... clichê. Feyre se adaptando ao seu cativeiro e ela e Tamlin se apaixonando. Mas eu gostei do mundo que a Maas criou, dos feéricos, da mitologia. Isso não é tão explorado no início, mas vai melhorando com o passar da leitura. O universo que ela cria é bem rico, fantasioso mesmo, mas de uma maneira doce e agradável. É bastante baseado no paganismo, principalmente mitologia celta, temos até a presença de um Caldeirão, objeto que no livros seria o criador do mundo, fazendo uma clara referência à deusa Ceridwen. Aliás, a “divindade maior” dos livros é mulher, a deusa de três faces.
E por falar em pontos positivos, vamos falar dos outros 20% restantes então. Do meio ao fim acontece uma reviravolta que muda o livro da água para o vinho. É sério, parece até outra pessoa escrevendo. Tudo fica mais denso, pesado, o clima de contos de fada é extinguido. Temos a inserção de novos personagens (que são muito maravilhosos, preciso dizer, porque possuem o tipo de personalidade que eu pessoalmente gosto bastante) e a própria personalidade da Feyre começa a se desenvolver a partir daí por causa dos eventos que acontecem e das coisas que ela vai ter que fazer. Quando a sinopse diz “misto de A Bela e A Fera e Game of Thrones” ela está exagerando um pouquinho, mas não vou negar que a escritora trabalha bem sim com sofrimentos. Se a primeira parte da história é a parte de contos de fada, a segunda parte é com certeza influenciada por George R. R. Martin (um pouquinho, mas é).
Em resumo, posso dizer que o livro só começa de verdade do meio ao fim. É lá que alguns assuntos são melhor abordados e explicados, onde está a essência da história, a (re)construção da personagem principal e dos secundários, onde o desenvolvimento do enredo acontece. Enfim, é lá onde está tudo. Deixa de ser um conto de fadas que narra a história de um casal se apaixonando e passa a ser um conto de fadas que narra a história de uma mulher descobrindo que ela pode, sim, fazer o que quiser. Tem bastante protagonismo feminino (mais presente no segundo livro, porém). O romance continua bastante presente (mais do que eu gostaria, para ser sincera), mas como faz parte do gênero não dá para reclamar muito. E os livros não ficam só nisso, a Maas faz mesmo um esforço para mostrar que a vida (da mulher, principalmente) não deve se resumir a se apaixonar.
E por hoje é isso. Talvez eu faça uma resenha do segundo livro também, já que falei bastante dele (o lado bom é que vou ter mais coisas boas para falar), mas já adianto que ele é mesmo bem melhor do que o primeiro. Vale a pena ler o primeiro só para ler o segundo, os melhores personagens estão por lá haha Até a próxima e, no mais, boas leituras!
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Os Arcos Históricos dos Relacionamentos

segunda-feira, 22 de maio de 2017





Olá, fanfictionáticos!


Hoje nós vamos conversar um pouco sobre relacionamentos. Hmmm... Exatamente.

Como montar um relacionamento na fic. Gente, para. Como é se relacionar na vida real? Na fic a mesma coisa! Isso mesmo. Você não leu enganado. O problema é que a maioria dos autores se sente ansiosos e querem partir logo para o relacionamento maduro, mas isso não é o que acontece e, dessa maneira, o autor se distancia da veracidade. Isso de vi, peguei, amei, é coisa de amador, certo? Eu sei que você deve estar agora mesmo pensando que é simplista demais o que acabou de ler, que não pode ser tão fácil assim. Pois é.

Sem dúvida a construção de relacionamento entre personagens é quase a mesma da vida real. Por que o “quase” da frase ali? Pois dependendo da fic e de como ela começa, os personagens já têm uma relação, mas muita das vezes não tem nada a ver com situações vivenciadas pelo autor, como uma cena de abuso, por exemplo.

Que tal separarmos as coisas agora? (isso soou um pouco dúbio, mas okay)


Relacionamentos românticos na fic:


Hey, coleguinha, você sabe, pois já deve ter lido em Como escrever cenas de sexo (http://ligadosbetas.blogspot.com.br/2017/01/como-escrever-cenas-de-sexo.html), que ser leviano ou escrever com pressa não ajuda em nada.

Acontece que não é apenas na hora da intimidade que a pressa atrapalha. Quando o personagem é construído com calma e elegância, acontece algo mágico aí, o leitor se conecta com o seu personagem, passa a torcer pelo rapaz ou a moça (ou alienígena) que você está descrevendo.

Como a ideia central é “construção”, vamos começar pela base, pelo alicerce. Confira abaixo algumas circunstâncias que devem ser observadas:


Dicas úteis:

😍 Apresente os seus personagens individualmente: mesmo que a história já se inicie com um romance ou um forte laço de amizade, lembre-se de que os personagens são indivíduos que funcionam sem aquele companheiro de cena. São “pessoas” com sentimentos, manias, trejeitos... E o leitor precisa conhecer e se identificar com esse seu personagem. Não deixe a oportunidade passar por estar ansioso para descrever o romance ou o momento em que seus personagens se descobrem grandes amigos. Dê tempo para que ele possa entrar na cabeça do leitor, respire o personagem, faça dele um alguém quase real, dê a ele um jeito especial de sorrir ou uma covinha na bochecha esquerda. Primeiro trabalhe com ele individualmente, em cenas corriqueiras que possam mostrar ao leitor como ele é. Como por exemplo, um personagem que tem traços de crueldade e que na cena inicial aparece fingindo que não se importa com uma idosa que tenha caído no chão. Ou, um personagem que é bom, e mostra compaixão ao ver a mesma idosa caída no chão e corre para acudi-la. Se beneficie das cenas corriqueiras para apresentar o seu personagem ao público.

😍 Olhar: não precisa descrever excessivamente o quanto eles se olham, mas uma única cena bem descrita será o bastante. Pode ser um olhar de ódio? Por que não?! Seria ótimo — opinião pessoal mesmo —, mas também pode bater aquele interesse à primeira vista, o que seria bem legal também. Ou então, nem uma coisa, nem outra, o encontro poderia ser apenas um encontro, nada de tão impressionante. Sem, é claro, que se esqueça de contar ao leitor como a cena está acontecendo, quem está vestindo o que e tudo mais ao redor, porém, lembrando daquele artigo sobre erros comuns em fanfics (http://ligadosbetas.blogspot.com.br/2013/04/os-18-erros-mais-comuns-em-fanfics.html), não descreva excessivamente, mas o suficiente para ambientar o leitor.



“Ah, Ladybug, eu não sei como fazer isso...”


Que tal darmos uma espiada nos profissionais?



“Morgan examinou o conde. Ele não era um oficial. Estava vestido com elegância em calções de seda cinza, colete bordado em prata, paletó social preto, justo, e camisa e lenço brancos com aplicações de renda. Não era um homem jovem. Era alto, com formas harmoniosas, e bastante bonito, admitiu Morgan. Ela fez uma mesura e percebeu que o conde tinha olhos acinzentados com uma expressão indolente, que pareciam encará-la com certo humor.

Mas Morgan não viu nada no conde de Rosthorn que lhe despertasse grande interesse. Ele era um entre as dezenas de cavalheiros que haviam pedido que os apresentassem a ela desde que debutara na sociedade. (...)

Morgan respondeu com educação ao conde, perguntou como ele estava, mas logo o cortou da lista de cavalheiros que poderiam ter alguma importância especial para ela. E o encarou com a arrogância fria que costumava desencorajar atenções indesejadas. Morgan torceu para que ele entendesse sua expressão e não a convidasse para dançar.

– Estou bem, obrigado – disse o conde em um tom de voz que, de certo modo, combinava com a expressão nos olhos dele, lânguida e com certo humor. – Agora melhor ainda, já que fui apresentado à dama mais encantadora do salão.

A lisonja foi dita como se ele risse de si mesmo.

Morgan não respondeu. Abriu o leque diante do rosto e o encarou, as sobrancelhas erguidas de leve, a expressão abertamente arrogante que era a especialidade dos Bedwyns. Aquele homem a achava mesmo tão tola e obtusa? Esperava de fato que ela sorrisse com afetação e ruborizasse diante de tamanha bobagem?” — Ligeiramente Seduzidos, Mary Balogh."


O que ficou evidente no trecho acima?

A personagem não caiu de amores pelo mocinho logo de cara, na verdade, estava louca para se livrar dele. E deu a ele seu melhor olhar de desprezo.

O que isso nos faz pensar?

Se lhe veio na cabeça: não preciso começar a história com um amor avassalador. Você acertou.

Mas e se eu quiser que eles se apaixonem perdidamente logo no primeiro olhar?

Sem problemas, desde que não fique forçado.


Toque: um dos gestos mais bonitos e menos invasivos é o toque nas mãos. É um bom começo. Mesmo quando falamos de amizade, pense no toque das mãos que se cumprimentam, é bem básico, não? Agora, em um relacionamento amoroso, um toque nas mãos pode ser um dos elementos que galgam o romance até o ápice. “Ah, mas isso é chato...”, “Ah, mas não tem nada a ver...”, “Ah, mas não tem como fazer isso ficar bom...”. Veja bem, há alguns casos, e vou falar dos relacionamentos que não começam de forma explosiva, que o toque nas mãos é a primeira barreira a ser vencida.


Novamente, vamos ver como os profissionais fazem?


“Ele desceu do banco e se agachou ao meu lado. Estava perto demais. Eu não conseguia pensar direito. Talvez estivesse um pouco ofuscada pela fama dele. Ou ainda um pouco abalada pelo choro. Em todo caso, estava chocada demais para reclamar quando pegou minha mão.

— Se isso a deixar feliz, posso informar aos funcionários que você prefere ficar no jardim. Assim, você pode vir aqui à noite sem ser incomodada pelos guardas. No entanto, acho que seria bom se houvesse sempre um deles por perto.

Eu queria. Qualquer tipo de liberdade me parecia uma bênção, mas eu precisava ter certeza absoluta de meus sentimentos.

— Não... não sei se quero algo que venha de você — eu disse, puxando meus dedos daquela mão que me segurava de leve.

Ele ficou um pouco surpreso e magoado.

— Como quiser.

Senti mais arrependimento. Não gostar daquele cara não significava que eu podia magoá-lo.

— Você vai voltar para dentro daqui a pouco? — ele perguntou.

— Sim — respondi com um suspiro, olhando para o chão.

— Então vou deixá-la com seus pensamentos. Haverá um guarda perto da porta esperando.

— Obrigada, errr... Alteza.

Balancei a cabeça. Quantas vezes eu o tinha tratado indevidamente na conversa?

— Querida America, você poderia me fazer um favor? — ele pegou minha mão novamente. Parecia muito persistente.

Olhei-o com o canto dos olhos, sem saber direito o que dizer.

— Talvez — repliquei.

Seu sorriso voltou.

— Não conte isso às outras. Tecnicamente, não devo conhecê-las até amanhã. Não quero irritar ninguém. Embora não possa dizer que seus gritos tenham qualquer semelhança com um encontro romântico, não acha? Foi minha vez de sorrir:

— Nem de longe! — respirei fundo e acrescentei: — Não contarei.

— Obrigado.

Ele encostou os lábios na minha mão. Antes de se afastar, pousou-a delicadamente sobre minhas pernas.

— Boa noite — concluiu.

Olhei para o local do beijo na minha mão, atônita por uns segundos. Então voltei o rosto para ver Maxon sair e me dar a privacidade que eu passara o dia querendo.” — A Seleção, Kiera Cass.


A mocinha, América, não estava nada feliz com isso de ter o Príncipe Maxon a cortejando, assim como outras pretendentes, e ela não se privou de deixar claro o quanto estava irritada com toda a situação. Porém, o que vemos no trecho acima? Seria uma barreira sendo derrubada? Com certeza. E isso foi conseguido com um simples toque nas mãos. Não foi preciso entrar em nada mais sensual ou bruto.

A chave para a construção do romance é o que está sendo dito desde o primeiro parágrafo: paciência. Nada de querer correr e atropelar os acontecimentos.

Outro relacionamento muito bacana que a gente pode tomar como exemplo, é o da Katniss e do Peeta, de Jogos Vorazes. A começar que ela nem mesmo estava interessada nele, embora ele sim estivesse de olho nela desde a cena lá do pão e a chuva, lembram? Pois é, o relacionamento deles foi nascendo a partir de um momento muito crítico, onde tiveram que fazer de conta que se amavam para ganhar a simpatia dos patrocinadores que mandariam suprimentos dos mais variados tipos, a fim de garantir a sobrevivência deles nos jogos. Tendo esse exemplo em mente, vamos analisar uma coisa: Era um momento propício para um romance? Claro que não! Estavam no meio de um banho de sangue com canhões troando todo o tempo para anunciar a morte de mais um participante. E o que aconteceu? Se apaixonaram. O amor deles foi crescendo pouco a pouco. Junto com a história. O motivo é bem óbvio e acabamos de falar aqui: não era momento propício para romance. Eles não estavam em um baile de verão, na escola. O relacionamento precisou ser gradativo. Agora imagine se a Suzanne Collins atropela tudo e coloca os dois caindo de amor no meio da matança? Ficaria tão falso, não é? Como quando vemos nos filmes o personagem lá no meio da explosão, salva a mocinha e eles correm e então param no meio do corredor pra se beijarem e trocarem não uma, mas mil juras de amor, quase dá pra gente oferecer uma cadeira de praia pra eles ficarem mais à vontade na hora de se declararem. E o que pensamos? Exatamente.


 “Sério isso? Mas e a explosão?”, “e os zumbis?”, “e as cobras gigantes?”, “e a múmia amaldiçoada?”....



Construir relacionamentos é ter paciência. Não force a barra. Deixe-os terem suas confusões e suas angústias. As dúvidas fazem parte também da história de vida dos personagens.

Não é diferente de uma amizade sendo construída aos poucos. A confiança demora a acontecer, a confiança plena. Os personagens que estão enveredando gradualmente para se tornarem amigos, precisam experimentar pequenas doses de fé. Um segredo pequeno, que não tem tanta importância se for revelado pode ser um teste para aquele amigo, não só na vida real, mas também na ficção. Demonstrações de que aquele personagem se tornará amigo do outro aparecerá a partir de cenas simples: abaixar para pegar um item que caiu no chão; distrair o valentão para outra coisa antes que ele machuque o rosto do futuro amigo; oferecer um lenço de papel ao ver o futuro amigo chorando na escada, mas nada de perguntar o motivo, isso fica pra depois. Pequenas demonstrações ao longo dos capítulos.


“Enquanto isso o que eu faço?”



Ora, faça o enredo andar! Qual o tema principal da fic? Invasão vampírica espacial? Ué, cadê o núcleo dos vampiros? Cadê os alienígenas? Cadê tudo isso? A trama central não pode parar enquanto você se decide quanto o que vai fazer com seu mocinho que ainda não beijou a mocinha, ou o grupo de amigos que ainda não se ajudaram. Você tem inúmeras providências a tomar em paralelo aos relacionamentos em construção.


Desavenças acontecem!


Não se esqueça de que não existe relacionamento perfeito, nem na vida real, nem em fanfic. Até o Edward deixou a Bella pra trás. E se você não se lembra, Harry e Rony também ficaram sem se falar. Claro que não foi algo tão sério quanto o Peeta querer matar a Katniss, aquilo foi sinistro. Lógico que ainda que seus personagens estejam se desenvolvendo, eles podem e devem divergir! Antes do Superman e do Batman ficarem de boa, rolou uma treta e tanto — imagino a grana que não foi pra levantarem todas aquelas edificações.

Pelo que podem brigar? Por um lápis, se você quiser. Fique despreocupado. Olhe para a vida real. Temos um laboratório e tanto de observações, que são as vidas dos que nos cercam e as nossas próprias. Utilize as ferramentas que têm às mãos, não deixe de observar.


Reencontrar e reatar


Assim como as coisas dão errado do nada, a resolução dos problemas pode estar na dependência de uma ação-chave ou de um pedido de desculpas. Salvar a vida de um amigo, mesmo estando brigado, é um grande feito, mas um pedido de desculpas, dependendo de quem está falando, pode ter um significado quase igual. Personagens orgulhosos passando por cima do sentimento para pedir desculpas? Hmmm... Isso funciona. — Não se esqueça da carga emocional que vem acompanhando, nunca é fácil para um personagem durão ter de admitir que errou.

A redenção de um personagem pode mexer com o leitor, isso acontece muito quando o mocinho faz besteira e ele leva uma vida até cair na real e demora outra vida até estar pronto para admitir que foi a sua determinada ação que afastou o seu amor. O que fazer? Pedir desculpas pode funcionar — mas talvez não. É aí que entra uma ação-chave, como pegar aquela informação lá do início sobre a mocinha que sempre achou que a chuva é romântica (mas o tempo está claro e nem sombra de nuvem no céu), o que fazer? Uma chuva de pétalas pode resolver a situação. Imagine ela lá com os braços abertos, sorrindo, olhos fechados e uma chuva de pétalas de rosas rodopiando ao sabor da brisa, espalhadas pela hélice do helicóptero... Entenderam?

Mas até chegar nessa parte, o que teve que acontecer antes? Isso mesmo. TUDO!

Nós, leitores, queremos saber quem são os personagens, do que eles gostam e do que não gostam. Queremos ouvi-los em seus bons e maus momentos. Queremos ver onde moram e como se viram na vida. É muito legal saber como eles são física e emocionalmente, mas não exagerem nisso aí, okay? Quando eles se encontrarem, lembre-se de nos fazer torcer por eles e até ter um ataque cardíaco acaso vocês brinquem de “A Culpa é das Estrelas”, do John Green, ou “Como eu Era antes de Você”, de Jojo Moyes.

Sobre este último:


“Cheguei o rosto tão perto do dele que suas feições ficaram confusas e comecei a me perder nelas. Passei a mão nos seus cabelos, no seu rosto, na sua testa com a ponta dos dedos, as lágrimas escorrendo por meu rosto, meu nariz encostado no dele e ele não parava de me olhar em silêncio, atento como se guardasse cada molécula minha. Ele já estava indo para algum lugar impossível de alcançá-lo.

Beijei-o, tentando trazê-lo de volta. Deixei meus lábios nos dele de maneira que nossa respiração se misturou e minhas lágrimas viraram sal na sua pele e disse a mim mesma que, em algum lugar, pequenas partículas dele virariam pequenas partículas de mim, ingeridas, engolidas, vivas, eternas. Queria apertar cada parte minha nele, deixar alguma coisa minha nele, dar a ele cada pedaço da minha vida e obrigá-lo a viver.

Percebi que estava com medo de viver sem ele. Com que direito você destrói a minha vida — eu queria perguntar —, e eu não estou autorizada a dizer nada a você sobre isso?”


Então, meninada, antes de chegar num patamar desse aí, de amor, amizade e carinho incondicionais, lembre-se de que o caminho deve ser trilhado com paciência e perseverança. Quanto mais se apressar, menos conexão sentiremos com seus personagens. Um passo por vez e vocês construirão relacionamentos tão sólidos quanto o seu enredo.

Boa sorte =)


****



Fontes:

Banco de ideias da Liga: Construção de relacionamentos que vão andando junto com a história. Tanto relacionamentos românticos quanto amizades (sugestão de leitor).

Fontes externas:

Ligeiramente Seduzidos, Mary Balogh.

A Seleção, Kiera Cass.

Como eu Era antes de Você, Jojo Moyes.

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Terror vs. Suspense

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Por: Seed Gipsy
[https://fanfiction.com.br/u/144910/]
Oi, pessoal!
Esse é o meu primeiro artigo no blog, e vou começar com algo simples, mas que pode ser confuso para todos: a diferença entre suspense e terror.
Como vocês devem saber, ambos são gêneros e são abordados em qualquer forma de entretenimento, seja filme, livro, séries e até mesmo fanfics. Para podermos diferenciar esses dois gêneros, é interessante primeiro entender cada um deles individualmente e com suas particularidades, então vamos começar!
Suspense: enquanto gênero, o suspense remete a uma sensação de impaciência e hesitação diante dos desdobramentos do roteiro, normalmente ligada a efeitos dramáticos.  A característica principal desse gênero é o desconhecido, o mistério, e a inquietação que tal mistério acarreta na história. Na literatura e no cinema, suspense é um gênero onde domina as situações de tensão, provocando temor e/ou eventualmente sustos no leitor ou espectador.
Um autor de suspense sugere pistas sobre o possível fim do conflito, de modo a que o telespectador ou o leitor possa deduzir o que estará prestes a acontecer. A resolução do desenvolvimento, finalmente, deve concretizar-se de forma lógica e de acordo com o gênero.
Alguns exemplos clássicos de suspense são o filme “Psicose” de Alfred Hitchcock e o livro “O iluminado” de Stephen King.

Cena de "Psicose" de Alfred Hitchcock
Terror: é um gênero que está sempre muito ligado à fantasia e à ficção especulativa e é criado com intuito de causar medo, aterrorizar.  O gênero pode ser diferenciado em terror e horror. Enquanto o terror conta com uma narrativa de suspense, cuja explicação nada possui de sobrenatural, sendo essencialmente psicológica, o horror conta com elementos sobrenaturais ou de ficção científica. Ambos, apesar de sempre contar com um pouco de suspense, tem como finalidade assustar o leitor ou expectador.
Esse gênero geralmente é mais apelativo, conta com cenas explícitas e muito descritivas, feitas não para atiçar a curiosidade, mas para passar medo para a audiência.
Alguns exemplos clássicos desse gênero são filmes como “O chamado”, “Invocação do Mal”, “o Exorcista” e livros como “Cujo” de Stephen King e “O barril de Amontillado” de Edgar Allan Poe.

Cena do filme "The Ring"
 Okay, Tia Vito, agora nós sabemos as particularidades de cada um, mas como diferenciar cada gênero?
Não tema, Pequeno Gafanhoto, agora que você conhece individualmente cada um dos gêneros, isso vai ser bem simples.
Como vocês puderam observar, o gênero de suspense é feito para tencionar a audiência. Os fatos não necessariamente seguem uma ordem cronológica e podem se apresentar de forma confusa, até que, ao fim, se esclarecem. O suspense sempre é relacionado a algum mistério que ocorre junto com o desenvolvimento do livro ou filme. As cenas nesses livros são geralmente pouco descritivas e deixam muito para a imaginação de forma que a narrativa pode ser um pouco vaga, para prender o leitor. Nos filmes é comum o uso de músicas que causam aflição ao espectador e o uso de ângulos pouco claros para filmagem, de forma que a observação possa ser confusa.
Já o terror não é feito para tencionar o público, mas para aterrorizá-lo. O medo passado é bem mais explicito, os fatos seguem uma ordem geralmente simples de ser acompanhada e nem sempre se tem um mistério que guia a trama, ele geralmente é uma base para uma série de eventos aterrorizantes que o sucedem. Enquanto nos livros, as cenas de terror são extremamente descritivas e deixam pouco para a imaginação. A ideia é proporcionar uma imagem vívida na mente do leitor, capaz de aterrorizá-lo. Em filmes brinca-se muito com a trilha sonora e os efeitos visuais para aumentar o medo do telespectador, que passa a ter cada vez mais certeza do que vai acontecer.
Entenderam a diferença?
É importante acrescentar que esses dois gêneros tendem a andar juntos, principalmente quando o principal é o terror, pois ele sozinho não é tão cativante quando a expectativa de que algo assustador vai acontecer (e é aí que entra o suspense) para então aterrorizar a audiência (e aí entra o aspecto apelativo do terror).
Espero que todo mundo tenha conseguido entender certinho as diferenças entre os gêneros e que isso possa ajudar vocês a adaptar sua escrita ao gênero literário que vocês estão trabalhando – ou arrumar a sua categoria no Nyah! que você acabou de descobrir que estava errada rs.
Tchauzinho e até a próxima!
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Como construir histórias de época

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Por: Lollallyn
Link: https://fanfiction.com.br/u/279239/

Olá! Esse é meu debut no Blog da Liga, yey! Resolvi usar minha paixão por História para fazer o bem e montei esse guia com algumas dicas para se construir histórias de época. O conteúdo é resumido, mas é importante ter em mente que cada quesito citado deve ser bem explorado individualmente para se obter um bom resultado.

Vamos começar definindo o terro de trabalho:

1. Romance histórico ou de época?          
Definir se a sua história será um romance histórico ou um romance de época é o primeiro passo. A diferença entre esses dois subgêneros é bem tênue, mas podemos colocá-la da seguinte maneira:

a. Romance histórico: utilizam datas, acontecimentos e fatos históricos, baseando-se com fidelidade nas estruturas culturais, sociais, econômicas e políticas vigentes no período que retratam. Têm o objetivo de serem palpáveis, e, para tanto, “os autores mesclam figuras reais e ficcionais em uma trama geralmente imaginária” ¹.
b. Romance de época: não há preocupação com datas, acontecimentos e fatos reais. Utilizam os costumes, o modo de vida e o comportamento e o pano de fundo histórico (de maneira superficial) de um determinado povo numa determinada época. Os pontos principais são os pequenos pormenores da época em questão que são empregados para modelar, influenciar, dar vida ao enredo.

2. Escolhendo a época    
Vamos dizer que época é uma divisão dentro de um período histórico. Por exemplo, temos o período Contemporâneo e, dentro dele, acontecimentos históricos que definiram épocas – que alteraram o modo de vida e o comportamento social –, como a Primeira Guerra Mundial. 
Nesse ponto, abrimos o leque de opções. Tendo-se o esqueleto do plot, definir a época a ser trabalhada fica mais fácil. Por exemplo, se a história trata de um casal inglês separado pela guerra, você terá a época a partir do momento que definir qual guerra é essa. E aqui eu atento para o detalhe de que uma mesma época pode ter acontecido em lugares diferentes – ex.: a Primeira Guerra Mundial envolveu e afetou diversos países, logo, todos esses países viveram essa mesma época.
Tendo escolhido a época, o próximo passo é reunir a maior quantidade de informações possível sobre ela. Você pode ter uma base por esse roteiro de pesquisa:

a. Vestuário: roupas, sapatos, acessórios, penteados;
b. Costumes sociais: quais eram as festividades, hábitos cotidianos, meios de transporte e de comunicação, destinos dos passeios pela cidade, vida política, normas que regiam a sociedade;
c. Comportamento social: a moral e os valores difundidos, meios de expressão, modo de agir e pensar, pensamentos em ascensão;
d. Culinária: bebidas mais consumidas, pratos caseiros, pratos do cotidiano, comidas de festa;
e. Cultura: músicas em alta, livros mais comentados, obras de arte mais famosas, artistas em ascensão;
f. Cenários: como era a paisagem, a arquitetura dos edifícios urbanos, a decoração internas das construções, a disposição do panorama dos centros urbanos e rurais;
g. Vocabulário: gírias populares, expressões típicas, pronomes de tratamento;
h. Acontecimentos históricos: em torno de qual assunto a sociedade girava.

Esses pontos serão essenciais para deixar sua história mais vívida e palpável. Por isso, é importante fazer uma boa pesquisa para deixá-los firmes o suficiente para sustentar o enredo. Você não precisa fazer um trabalho de história, o objetivo não é dar uma aula. “O grande truque para escrever uma ficção histórica convincente e envolvente não está na quantidade de detalhes que você encontrou, e sim na capacidade de determinar que detalhes devem ser deixados de fora” ². Discernir o que é relevante ou não é o que determinará se os leitores vão visualizar mais facilmente as cenas descritas e mergulhar no enredo com mais vontade, ou se vão achar a história maçante pela quantidade de informações.
Para pesquisar sobre os pontos a, d e f aposte de descrições básicas e imagens. Será o suficiente para oferecer uma ideia clara de suas respectivas características.
Nos pontos b, c e e, será necessária uma pesquisa um pouco mais profunda. Para não se perder no meio da enxurrada de informações ou deixar o enredo muito pesado, concentre-se apenas naquilo que vai oferecer algum proveito para o seu enredo e ignore o resto.
O ponto g não irá causar tanto impacto quanto os anteriores, mas pode contribuir para tornar o enredo mais realístico. Pesquisar sobre ele não quer dizer que você precisará adequar sua escrita à escrita da época. Aliás, não faça isso: a linguagem utilizada em épocas passadas costuma ser muito rebuscada e de difícil compreensão, o que significa que você gastará muito tempo para acostumar-se a escrever com uma linguagem específica e ainda correrá o risco de cometer equívocos maiores. Procure basear-se nos subitens citados.
O ponto h pode ser pesquisado e estudado superficialmente, já que estamos focando em histórias de época. A fidelidade histórica do enredo não necessita de precisão, mas não pode ser atropelada ou retratada de maneira errônea.
De maneira geral, procure basear-se em diversos tipos de fonte. A Internet é uma ferramenta maravilhosa e a velocidade com a qual ela nos oferece respostas é realmente tentadora, porém é difícil separar informações verídicas e aproveitáveis dentro dela quando tanta gente tem acesso. Em razão disso, buscar apoio em livros didáticos, documentários, livros literários da época, cartas, jornais, depoimentos, filmes, fotografias e obras de arte é indispensável.
Quando estiver separando as informações que serão utilizadas em sua história, atente-se ao anacronismo: erro de cronologia que geralmente consiste em atribuir a uma época ou a um personagem ideias e sentimentos que são de outra época, ou em representar, nas obras de arte, costumes e objetos de uma época a que não pertencem³.  As dicas para fugir disso são: a) não julgar suas personagens – as ideias construídas no século XXI são muito diferentes das de dois séculos atrás, por exemplo; b) muita pesquisa – não saia colocando plantas aqui e acolá, referências geográficas e históricas e tudo o mais se não tiver certeza de como isso estava definido na época em que está trabalhando.

Sugestões de plataformas para pesquisa: 
Para imagens:
  • We Heart It
  • Pinterest

Jornais nacionais:
  • Acervo Folha (https://goo.gl/uhZFXV)
  • Acervo Estadão (https://goo.gl/iEUJ8z)
  • Acervo Digital O Globo (https://goo.gl/Lr75iX)
  • Hemeroteca Digital (https://goo.gl/EnxtwM)

Jornais internacionais:
  • Listagem da Wikipédia por país (https://goo.gl/BVNUpJ)
  • Hemeroteca Digital Espanhola (https://goo.gl/UXF401)

Para melhor construção dos pontos de base:
  • Artigos do Blog da Liga dos Betas
Referências:
http://www.infoescola.com/literatura/escritores-de-romances-historicos/ ¹. Acesso em 30 de dezembro de 2016, às 20h52.
http://corrosiva.com.br/como-escrever-um-livro/como-escrever-romance-historico/ ². Acesso em 02 de janeiro de 2017, às 21h34.
http://blogdoeubes.blogspot.com.br/2011/01/definir-anacronismo.html ³. Acesso em 03 de janeiro de 2017, às 11h20.
http://www.livrosefuxicos.com/2016/05/romance-historico-ou-romance-de-epoca.html#.WGW70VMrLIU. Acesso em 30 de dezembro de 2016, às 20h45.
http://www.gameofthronesbr.com/2012/01/grrm-entrevista-bernard-cornwell.html. Acesso em 03 de janeiro de 2017, às 11h30.
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5 Dicas para Começar suas Histórias

segunda-feira, 1 de maio de 2017

MicheleBran
Perfil no Nyah: https://fanfiction.com.br/u/5389/

Olá, seres humanos que acompanham o blog da Liga.
Primeiramente, Feliz Ano Novo! Espero que tenham tido festas super-bacanas e se enchido com comidas boas nas ceias rs.
Segundamente, vamos ao post. Ele foi originalmente postado no meu blog pessoal (link: http://michelebran.blogspot.com/2016/05/top-5-dicas-para-fazer-um-comeco-de.html), mas resolvi postar por aqui na tentativa de ajudar mais gente com essa parte específica da história, que tantos escritores possuem dificuldade. Então, let’s go! 😉😉
Começar uma história é uma parte muito complicada. Resumidamente, o início de sua história precisa ser instigante, prender o leitor e gerar o interesse de continuar lendo e lendo, até descobrir o final de sua trama.
É muita responsabilidade para tão poucas linhas.
Muita gente entra em parafuso. Como eu posso fazer isso? O que eu preciso colocar? E o que eu preciso evitar?
Já aviso que não tem receita. Como tudo no campo da escrita (e de quase qualquer coisa que tão tenha números no meio), não tem fórmula pronta. Não tem um "se eu fizer A e B, com certeza vou ter o resultado C". O melhor início vai depender de sua história, do seu estilo de escrita, de como você quer impactar o seu leitor, quais primeiras impressões você quer passar, etc.
O que podemos fazer (eu e outros blogueiros que adoram dar pitaco dicas) é apenas dar sugestões, em geral, do que pode ser feito para que você tenha um norte na hora de escrever.
Claro que se você tem certa experiência e um estilo legal de escrita, mesmo um dos temas que a sugestão é que se evite, você pode transformar num começo excepcional e diferente. Mas se ainda tem muitas dúvidas ou está começando agora, melhor ir por um caminho mais seguro (o que não quer dizer, porém, que precisa fazer igual a todo mundo. Mesmo no tradicional é possível haver inovação).
Tem dúvidas em como começar sua história? Então senta aí, anota das dicas, pega uma bússola e vamos tentar desbravar juntos o caminho das pedras.


5) Evite descrições logo de cara
Seja de ambientes ou de personagens, o melhor a fazer é evitar. O leitor ainda não está interessado na cor de cabelo e olhos do protagonista ou em quantas colunas tem o salão do local onde ele está. Ele quer mais saber o que está acontecendo e quem são os envolvidos para poder começar a estabelecer hipóteses do que vai acontecer nos próximos capítulos e como será resolvido o mistério principal.
Principalmente descrição estática de ambiente. Jamais me perdoo por ter começado uma história basicamente com "A casa de Fulana tinha dois andares, janelas quadradas e era marrom". Ninguém liga! O pessoal quer muito mais saber quem é a Fulana e qual o problema em que ela se meteu para decidir se vale a pena continuar lendo ou não.
Se você já começa com descrição que nobody yes door ninguém se importa, o leitor vai decidir pelo não e devolver seu livro pra estante ou fechar a aba da sua fic e passar pra próxima.

4) Não fale sobre o tempo
Pior que começar com descrição de pessoas ou locais, é começar com descrição de como estava o céu, qual a temperatura, se estava chovendo, etc.
A não ser que seja realmente MUITO importante pra sua história saber se está chovendo ou fazendo sol, procure outra maneira de começar. Se quiser, aborde o tempo depois, mas não nos primeiros seis parágrafos, pelo menos. De novo: o leitor quer saber quem está envolvido no que, não se o protagonista vai destruir a chapinha na tempestade se colocar o pé fora de casa (a não ser que sua história seja sobre isso).
E sim, também já comecei história assim também. Shame on me!

3) Sem história passada do personagem logo de cara
Por mais que o leitor queira saber quem é o seu personagem, em geral ele está pouco se lixando para o que ele fazia na infância, como foi o primeiro beijo, o nome do melhor amigo ou do primeiro cachorro, exceto quando a informação é importante para o começo.
Seu leitor quer saber quem é e o que faz seu personagem AGORA! HOJE! NO MOMENTO EM QUE A HISTÓRIA COMEÇA.
Flashbacks são interessantes e ajudam bastante a conhecer melhor os personagens de sua história, mas não comece já com eles. A exceção é quando você já começa com um episódio do passado que dará o start para a história por ter algo nele que será importante pra trama. Mas o personagem aparecer e duas ou três linhas depois estar repassando TODA a vida pregressa dele? Melhor deixar para depois.
Você terá vários e vários capítulos ainda para isso. Calma.
P.S.: Apresentar toda a vida do personagem de uma só vez com flashbacks super longos podem ser maçantes e distrair o leitor da trama principal. Selecione as informações fundamentais e tente diluir isso ao longo do texto, quando couber melhor. Assim você até pode gerar mais suspense sobre certos aspectos da trajetória do seu personagem e deixar seus leitores curiosos.

2) Comece com algo acontecendo
Parece óbvio, mas não tanto.
Vamos supor que você quer começar descrevendo o tempo que está fazendo porque está chovendo muito forte e seu personagem está preso no trabalho, com muita vontade de chegar em casa.
Ao invés de começar com um insosso "Chovia muito forte quando João chegou à portaria do prédio. Nervoso, ele pensou que não chegaria em casa a tempo de ver seu programa preferido", experimente algo diferente. Mais interessante.
Exemplo?
"Faltava apenas trinta minutos. Ele jamais chegaria a tempo. Em condições normais, já levaria mais de quarenta para percorrer o caminho de volta para casa graças ao trânsito. Mas ainda estava preso no prédio de sua repartição. Uma poderosa queda de luz o forçara a descer mais de dez andares de escada, e ele estava ofegante, cansado e furioso. Tudo cortesia daquela maldita tempestade de verão que, não contente em deixar metade da cidade no escuro, ainda inundava as ruas do centro. Logo ele estaria ofegante, cansado, furioso e ensopado até os ossos. Tudo o que queria era chegar em casa e poder ter um pouco de paz. Tomar um bom banho, jantar, conversar com a esposa, colocar os filhos para dormir e depois esticar as pernas enquanto assistia seu programa preferido. Agora, não teria nada disso. Só a chuva e o frio para acompanhá-lo por um bom tempo".
Bom, ficou maior do que eu esperava, mas ainda dava para ter explorado mais. Além de, na segunda versão, começar de uma forma mais ágil, demonstrando mais o senso de urgência da situação, ainda ficamos curiosos.
E a importância disso nós veremos no tópico a seguir.

1) Deixe perguntas na mente do seu leitor
A ideia é simples: quanto mais curioso para ver o que vem a seguir seu leitor ficar, mais páginas ele vai virar, mais capítulos ele vai ler. Por isso mesmo começar já plantando essas perguntas vai fisgá-lo nas primeiras linhas.
Voltando aos exemplos do item anterior, começar logo de cara entregando a causa do João estar com tanta pressa mata as perguntas do leitor. Ele não terá espaço para criar hipóteses e testá-las. Você já deu tudo de bandeja. Não faça isso. É subestimar a inteligência de seu público achar que eles não podem pensar e juntar as peças por si mesmos.
Já no segundo, até o momento em que é revelada a causa do atraso, o leitor terá espaço para imaginar o que pode estar acontecendo para atrasá-lo e, principalmente, porque ele quer tanto chegar logo em casa. Eu poderia ter dado uma motivação ainda mais forte (ou mais engraçada. Tem algo mais desesperador — quando somos nós — e hilário — quando é com os outros — que alguém querer ir ao banheiro, mas não ter nenhum disponível?), mas acho que já é suficiente para a gente se colocar no lugar do João.
De uma tacada só, o leitor ficou curioso, criou hipóteses e as testou e ainda desenvolve uma ligação com o personagem principal. Afinal quantas vezes queremos só voltar para casa e ficar descansando junto de nossa família, mas algo ou alguém atrapalha nossos planos?
Pense nisso.
Creio que não é necessário lembrar vocês da importância de, ao alcançar um nível de qualidade satisfatório no primeiro capítulo, manter esse padrão no resto da história. Leia, releia, revise, rescreva se for preciso (para acrescentar ou remover coisas), enfim. Tome cuidado para a história manter o nível de qualidade em todos os capítulos, não apenas no primeiro.
Anote essas dicas, pesquise mais, tire suas dúvidas com pessoas que você confia e sabem do assunto, procure betas, etc. Cuide de sua história como se ela fosse seu filho, seu maior tesouro, e os frutos virão, por mais que demorem.
Afinal, não tem nada mais frustrante do que o primeiro capítulo ser perfeito, impecável, e a partir dali a história ir só ladeira abaixo. É um cenário improvável (o mais comum é acontecer o contrário), mas não impossível.
Por hoje é só. Mais alguma dica? Gostaram? Algo a criticar?
Fiquem livres para comentar e nos vemos por aí ;)

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As imagens que servem de ilustração para o posts do blog foram encontradas mediante pesquisa no google.com e não visamos nenhum fim comercial com suas respectivas veiculações. Ainda assim, se estamos usando indevidamente uma imagem sua, envie-nos um e-mail que a retiraremos no mesmo instante. Feito com ♥ Lariz Santana