Como escrever ones

terça-feira, 25 de novembro de 2014
Por: Senhorita Ellie

One-shot é o termo usado no mundo das fanfics para denominar histórias contadas em um único capítulo, geralmente, com contagem maior que 100 palavras. Por serem fanfics que apresentam uma história que é contada em um único capítulo, muitas pessoas têm dificuldades em trabalhar com as limitações que o tamanho mais restrito pode trazer. Esse post serve para dar alguma luz sobre como lidar com ele e desenvolver boas one-shots.
1 – Entenda que a sua one-shot não é uma long-fic: Isso pode parecer óbvio e meio bobo, mas há toda uma questão de adaptar seu planejamento para um modelo mais curto, que não te dá muitos capítulos de margem para trabalhar. A história deve ser iniciada, desenvolvida e terminada em um único capítulo, ou seja, ela deve ser mais concisa, objetiva, resumida.
2 – Tenha em mente o que você quer escrever, planeje: Você teve uma ideia para uma oneshot e está louco para começar a escrever, mas antes de fazê-lo, pense sobre o que você quer escrever. Longfics te dão a liberdade de se deixar levar, mas com one-shots, um bom planejamento pode ser a chave de seu sucesso. Qual é a sua ideia? Qual é começo, o meio e o fim? Qual será o seu clímax? Ter todas essas coisas em mente antes de começar sua one-shot pode ajudar você a não se empolgar muito e a não render a história para além de onde ela pode ir.
3 – Pense antes de sair da sua zona de conforto: Você se sente confortável escrevendo em primeira pessoa? Escreva sua one-shot em primeira pessoa. Você gosta de romance? Escreva uma one-shot de romance. Por ser um gênero limitado, a one-shot pode ser ao mesmo tempo uma dádiva e uma maldição quando se trata de inovações a respeito de seu próprio estilo. Se você vai fazer uma coisa diferente, pense bastante sobre isso antes de começar, porque, por estar experimentando, sempre há a chance de você render demais e sua história se tornar uma long-fic... Ou de render de menos e a sua história nunca ver a luz do sol.
4 – Desenvolva seu enredo: É importante que a história tenha um enredo que conquiste o leitor, que o intrigue, e isso não se aplica apenas à long-fics. O enredo de uma história longa é mais lento, dá a possibilidade de um desenvolvimento extenso, de dar foco a várias narrativas e personagens. Uma one-shot pede maior objetividade. Enquanto uma história longa explica toda a história dos personagens e o porquê de eles estarem ali, a one-shot não pede isso. Você pode apresentar seus personagens e contar apenas os fatos que acontecem no tempo da história, sem se preocupar com o passado deles ou com qualquer outra coisa. O que importa são os fatos, porque numa história curta, são eles que vão fazer o seu leitor ir até o final. A história dos personagens ou os pormenores dela não são tão importantes. Também pode ser interessante usar um estilo de narrativa mais enxuto, com poucas descrições, focado mais nos acontecimentos.
5 – Pense na possibilidade de não desenvolver seu enredo: É comum, no universo das fanfics, as histórias centradas em um único personagem, onde, em poucas palavras, o autor descreve uma situação relacionada ao protagonista de maneira intimista e assim a história termina. Isso também é uma one-shot e também é uma possibilidade! One-shots intimistas, que se focam em apenas uma situação de maneira bastante emocional, funcionam tão bem quanto histórias curtas que apresentam começo, meio e fim. Tudo depende do tipo de abordagem que você quer mostrar, afinal.
6 – Escolha seu protagonista: Se você tem facilidade para trabalhar com vários personagens ao mesmo tempo, isso talvez não seja um problema, mas se a ideia te deixa inseguro, é interessante escolher apenas um personagem no qual se focar e limitar o número deles na sua one. Quanto mais personagens você colocar, mais palavras você terá que gastar para desenvolvê-los, ou eles servirão unicamente como “figurantes” no seu enredo. Assim, quando for começar a sua história, tente se focar e aprofundar em apenas um personagem. Está errado quem pensa que é necessário muitas palavras para isso.
As dicas principais para aprofundamento de personagens em uma história curta são:
  1. O desenvolvimento dos diálogos. Eles não precisam ser longos, mas dê atenção para eles, porque grande parte da essência do seu personagem vai ser mostrada ali.
  2. A descrição de tarefas simples do cotidiano do personagem que ajudem a construir um quadro geral sobre ele. Seu personagem é preguiçoso? Gaste algumas palavras descrevendo a luta dele para sair da cama de manhã. É muquirana? Descreva-o pechinchando na feira, recusando-se a comprar algo só porque não gosta de gastar, etc.
  3. Descreva-o, tanto em aparência quanto em personalidade. Não é necessária uma grande descrição, apenas o suficiente para o leitor ter o que imaginar e criar suas antipatias e simpatias. Seu personagem é tímido, é extrovertido, é maníaco? Faça-o mostrar isso.
7 – Não se preocupe muito se a coisa render: Se a história ficar muito grande, não se preocupe muito com isso. Pense na possibilidade de trabalhá-la como uma shortfic — histórias com no máximo cinco capítulos —, ou de desenvolver o enredo como uma long. É interessante notar que existem one-shots de 300 palavras coexistindo com one-shots de 32000, por exemplo, e isso não faz de uma mais one do que a outra. Por isso, quando for começar a escrever, não encare a limitação de um único capítulo como um problema ou como uma obrigação. As boas ideias trabalhadas em ones podem ser também trabalhadas em longs e vice-versa.
Por hoje é só isso. Espera-se que essas dicas ajudem, mas cada escritor desenvolve seu estilo único de escrever histórias curtas com o tempo — assim como ele desenvolve um estilo particular para as longas — e não tenha medo de desenvolver seu próprio método também. Arriscar é sempre interessante e, na maior parte das vezes, rende resultados admiráveis.


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Como pontuar diálogos?

segunda-feira, 17 de novembro de 2014


Por Ana Coelho

     Olá a todos! Como vão? Espero que esteja tudo ótimo com vocês!

Hoje trago aqui ao blog um post que penso que vos será muito útil. Inspirado em e mais aprofundado até do que um post que eu tenho no meu blog pessoal, venho falar de diálogos.

Afinal, vocês sabem pontuar diálogos corretamente ou não? Sabem onde devem aparecer os pontos finais, as vírgulas, as maiúsculas…? Usam aspas ou travessão? E que tipo de aspas? E, afinal, como podem inserir o símbolo do travessão no texto?

Pois é, essas são algumas das questões mais frequentes que eu espero que fiquem esclarecidas quando este post chegar ao fim!

Vamos saltar já para a primeira parte:

Aspas ou travessão? Afinal, qual é a diferença?

Na verdade, podem pontuar como quiserem. Quer escrevam com um, quer escrevam com o outro sinal de pontuação, a escolha é vossa. Lembrem-se apenas de optar por um ou pelo outro ao longo de toda a história ou poderão confundir os vossos leitores. Decidam qual opção querem e mantenham-na até o final, porque misturarem as duas já é errado.

Mas… como é que é possível que haja duas opções? De onde saiu isso?

Reza a lenda que, tradicionalmente, em português, se deve usar o travessão para marcar diálogos. (O travessão é esse sinal “ — “ . No final do post eu explico como o podem arranjar.) Aliás, nem as aspas tradicionais do português são iguais àquelas que estão habituados a ver por aí. As aspas tradicionais (e que ainda aprendemos a usar em Portugal, apesar de pouco se falar no assunto) são as típicas das línguas latinas, as retas ( « » ). No entanto, com o tempo, isso tem vindo a mudar. No Brasil é muito mais usual usarem-se as aspas curvas (essas), nem há teclas próprias para as aspas retas duplas como há nos teclados portugueses. Apesar de tudo, em Portugal também se tem passado a usar muito mais as aspas curvas duplas. Parece que elas estão cá para ficar, quer as usemos nos diálogos quer não.

Teclado de Portugal, com a tecla das aspas duplas retas assinalada. Ela existe, mas é bastante ignorada.

De facto, a história das aspas é curiosa e há vários tipos diferentes usados em línguas diferentes. Há aspas retas duplas ( « » ) ou simples ( ‹ › ), e há aspas curvas diferentes, como ( “ ” ), ( ‘’ ’’ ), ( ‘ ’ ) ou ( ” “ ), entre muitos mais tipos. Tudo depende da língua em que se está a escrever ou até do país de onde vem o texto. Aconselho-vos a verificarem a página da wikipédia que fala do assunto para mais esclarecimentos e podem até investigar por conta própria, se continuarem curiosos.

Mas, se é assim, então quais são as diferenças de se usar o travessão ou as aspas? Têm regras diferentes?

Como eu já expliquei anteriormente, nas línguas latinas o usual é usarem-se as aspas retas, mas as aspas usadas nos diálogos por aqui, hoje em dia, são as curvas (“essas”). E as regra são ligeiramente diferentes.

Isso acontece porque a forma de pontuar diálogos com aspas curvas também não é nossa, dos países com língua latina. Essa forma de escrever diálogos foi adquirida por influências de outras línguas onde essa é a forma predominante. Hoje em dia também é aceite (/aceita, em português do Brasil) na língua portuguesa e é por isso que as aspas são uma opção válida que podem considerar quando escreverem as vossas histórias.

Convém ressaltar que este texto tem em conta a pontuação em inglês americano, já que é seguindo essa norma que as aspas duplas são usadas, e que o inglês britânico tem regras de pontuação próprias, que explicarei por alto no final do texto.

Aconselho-vos a escolherem a forma que vos deixar mais confortáveis, juntamente com as regras correspondentes.

Mas vamos avançar e vamos falar logo dessas regras! Elas são fáceis, vocês vão ver.

Vamos começar com uma questão simples:


Sabem quando devem usar letra maiúscula ou minúscula?

Esse é o erro que eu mais vejo no Nyah!, quer pontuem os textos com aspas quer os pontuem com travessão. Apesar disso, e contrariamente ao que pode parecer, a solução é bem simples.

Nos diálogos, as regras mais importantes dependem do texto. Isso quer dizer que, dependendo daquilo que escreverem junto com a fala, a letra ou será maiúscula ou será minúscula.

Mas daqui a pouco eu entro em mais detalhe sobre isso. Para já, vamos começar com os exemplos sem grandes acessórios!

— Gosto de bolo.
~~
Gosto de bolo.”

Pronto, aí temos uma frase bem simples, pontuada das duas formas mais usuais. E quem não gosta de bolo?

Nessa frase, duvido que haja dúvidas na pontuação. É só colocar a fala a seguir a um travessão ou dentro de aspas, com letra maiúscula no início e ponto no final. Sem problemas aqui.

Mas assim não sabemos quem falou, ou como a fala foi dita, ou em que circunstâncias se desenrolou esse diálogo. Nas nossas histórias, costumamos ter muita coisa a dizer sobre as falas. E como fazemos nesses casos? Como fazemos se quisermos transmitir uma ideia com mais pormenores, como “O Pedro disse que gosta de bolo”? Como e onde colocamos esse “disse o Pedro”?

Comecemos pela forma mais simples e mais usual — depois da fala, na parte final da frase.
Exemplos A.
Queres um sapato? — perguntou a Joana.
~~
Queres um sapato?” perguntou a Joana.

Pois bem, sim, pode parecer-vos estranho, e o Word pode até sugerir que façam aí uma mudança drástica, mas essas duas frases estão bem pontuadas e bem escritas. Comecei de imediato com frases com pontos de interrogação porque quero que entendam uma coisa importante: na pontuação dos diálogos, o que conta realmente é o verbo que acompanha as falas. Mais nada.

Vamos comparar estas com as seguintes.
Exemplos B.
Queres um sapato? — A Joana esticou um dedo e apontou para os seus pés.
~~
Queres um sapato?” A Joana esticou um dedo e apontou para os seus pés.

Conseguem ver o que há de diferente dos exemplos A para os B? Nos A, depois da pergunta, havia letra minúscula. Nos B, depois de escrevermos exatamente a mesma pergunta, surge uma frase com letra maiúscula. Então os exemplos A estão certos e os exemplos B estão errados? Não. Então são os B certos e os A errados? Também não. Ambos os exemplos estão certos.

Eu disse ainda há pouco que o que diferenciava a pontuação do diálogo era o verbo que acompanhava a fala, certo? Vamos lá olhar para os verbos. E não se preocupem, não há nada gramatical aqui.

Nos exemplos A, o verbo era “perguntar”. Nos exemplos B, os verbos são “esticar” e “apontar”. Conseguem ver aqui a solução?

Pois, a verdade é que, para se descrever uma fala, nós usamos verbos que exprimem essa ideia de falar. Verbos como “dizer”, “perguntar”, “berrar”, “inquirir”, mesmo que seja através de metáforas (“chutar”: “— Gostas da Mariana? — chutou o Pedrinho.”). Todos os verbos que descrevam o ato de falar e que estejam diretamente ligados à fala têm de vir ligados a essa fala. Essa ligação é expressa através da letra minúscula, que indica que a ideia da fala ainda continua na narração, que uma complementa a outra.

E agora reparem nos exemplos B. Os verbos “esticar” e “apontar” referem-se à fala? Não, claro que não. Referem-se a duas ações que a Joana fez, imediatamente a seguir a ter falado. Então isso quer dizer que temos duas ideias diferentes e que não há um verbo de fala que una diretamente a linha do diálogo à narração. Dessa forma, temos de usar letra maiúscula.

Deixo aqui mais exemplos, para irem percebendo melhor. E vou apenas usar pontos de exclamação e de interrogação.

Gostas de chocolate? — questionou a Madalena.
Gostavas de dançar comigo? — O olhar de Rodrigo era sincero.
Tu és louco! Afasta-te de mim! — berrou o João.
Sou alérgica a chocolate! — A Rita afastou-se do bolo sobre a mesa.
Gostas de gatos?” inquiriu o Pedro.
Tenho um enorme gato preto chamado Chinelo!” O Ricardo sorriu ao relembrar as patas fofas do seu Chinelito.
Não gosto nada de ti!” exclamou a Bárbara.
Detesto baratas!” A Marina fugiu para a cozinha.

Perceberam até aqui tudo?

Quando o verbo descreve a fala (são chamados verbos dicendi universalmente), o verbo vem com letra pequena, unindo a narração ao que foi dito. Quando o verbo descreve uma ação paralela ou seguida à fala, então passamos a ter duas ideias diferentes e a letra que vem depois do ponto é maiúscula.

Nesta altura devem estar a perguntar-se por que só optei por usar frases com pontos de interrogação e de exclamação. A minha intenção era que entendessem e não se voltassem a esquecer de que, nos diálogos, é o verbo quem manda e o resto só lhe obedece. É uma ideia bem simples e é ela que rege todas as outras regras.

Tendo isso em mente, vamos agora ver o que acontece em frases mais comuns, frases que tenham pontos finais. Aqui as coisas tornam-se diferentes para o travessão e para as aspas, mas vamos avançar por um de cada vez.

Acho que o melhor é dar um exemplo para vocês poderem pensar e analisar a explicação em seguida.
Não gosto de cães — disse o Ricardo.
Não gosto de gatos. — O Ricardo afastou-se do animal.
Tenho pena de ti. — O tom da voz de Madalena era de pura compaixão.

Analisemos estes exemplos. Como podem ver, a letra maiúscula ou minúscula ainda está dependente do tipo de verbo. “Dizer” é um verbo de fala, então vem com letra pequenina. “Afastar-se” e “ser” são verbos que descrevem ações e não se aplicam diretamente sobre a fala, mesmo que indiretamente falem dela, como acontece no terceiro exemplo. Nesses últimos dois casos, usou-se letra maiúscula.

Conseguem reparar agora na outra diferença entre o primeiro caso e os outros dois? No primeiro não há ponto final, mas nos outros há. Percebem porque usei apenas pontos de exclamação e de interrogação há bocado, certo? Porque as regras são diferentes para um e para o outro tipo de ponto.

Podemos dizer que, em certos casos, os pontos de exclamação e de interrogação não funcionam realmente enquanto pontos. Eles são marcadores visuais que nos dão a entoação da frase, mas não servem para lhe colocar um final. Nos diálogos, é assim que eles funcionam e é esse o seu papel.

Comparando esses pontos com o ponto final, vemos que o ponto final já serve para colocar um final real nas frases sempre que aparece. Quando a frase não termina na fala e continua na narração através de um verbo dicendi, o ponto não aparece. Quando a frase da fala termina e é seguida de uma outra frase que se refere a uma ação completamente diferente, temos lá o ponto, para mostrar que as ideias são diferentes.

Entendem agora o que eu quis dizer com ser o verbo a mandar na pontuação? O tipo de verbo define como a pontuação se comporta a cada caso.

Vamos agora ter mais exemplos, com tudo:

Adoro gatos! — declarou a Maria.
Não gosto muito da tua tia… — disse a Matilde.
Tens quantos cães? — perguntou a Mariana?
— Tens olhos bonitos — afirmou a avó.
Detesto pó! — A Maria estava com os olhos vermelhos de alergia.
Não gosto do meu pai. — A voz de Pedro era fria como gelo.
O que te aconteceu? — A Mariana estava genuinamente preocupada.

Compreenderam tudo direitinho até aqui?

Vamos avançar e ver, afinal, o que distingue a pontuação com aspas da pontuação com travessões. Vamos introduzir mais exemplos, que eu acredito que eles tornam tudo mais simples.

Adoro camaleões!” disse a Vânia.
Amas mais o teu marido do que eu pensava, não é?” perguntou a sogra.
O golfinho sabe nadar.” Matilde bocejou.

Até aqui, é tudo igual, certo? Mas, quando se relaciona uma frase com a narração com um verbo de fala, deixa de ser.
O golfinho sabe nadar,” disse a Matilde.

Notaram ali aquela vírgula? Bom, com as aspas é necessário colocar uma vírgula quando a mesma frase tem fala e tem narração, e se passa de uma para a outra.

Ficou claro o porquê da vírgula aparecer ali? Mudou de fala para narração, tem de haver alguma coisa que o indique, então surge a vírgula.

Vamos expandir o exemplo e vamos colocar-lhe uma vírgula para eu falar de mais alguns pormenores e da posição na vírgula nessas frases. A fala que vai ser dita será O golfinho sabe nadar, mas o morcego não sabe.
O golfinho sabe nadar,” disse a Matilde, “mas o morcego não sabe.”

Notem que a vírgula vem sempre junto do primeiro elemento e não junto do segundo. Assim, se primeiro vier algo entre aspas, a vírgula vem dentro das aspas, junto à última palavra desse primeiro elemento. Se a vírgula separar narração de fala, e primeiro vier a narração, a vírgula vem fora das aspas, junto à última palavra da narração (vejam a segunda vírgula do exemplo). Assim, a vírgula que pertencia à fala acaba por aparecer logo de início. É bem simples, não é?

Agora, aproveitando o exemplo, vamos ver como ficaria intercalada uma pequena narração dentro de uma fala maior com travessão. Reparem no que acontece à vírgula:

O golfinho sabe nadar — disse a Matilde —, mas o morcego não sabe.

Ao contrário do que acontece com as aspas, nunca se coloca uma vírgula junto do primeiro elemento, ela vem sempre junto do segundo. Isto quer dizer que não podemos ter vírgulas antes de travessões. Se a fala tiver uma, temos de colocar a narração antes dessa vírgula, para que o travessão possa ficar antes dela, e a vírgula virá a acompanhar a fala.

Vejam os exemplos:
1. *— O golfinho sabe nadar — disse a Matilde — mas o morcego não sabe.
2. *— O golfinho sabe nadar — disse a Matilde, — mas o morcego não sabe.
3. *— O golfinho sabe nadar —, disse a Matilde — mas o morcego não sabe.
4. *— O golfinho sabe nadar, — disse a Matilde — mas o morcego não sabe.

Todas estas frases estão mal pontuadas (geralmente, um asterisco representa uma frase errada, e é o que está a representar aqui). Pensem assim: a vírgula existe na fala, então tem de estar lá, não pode desaparecer (1). A vírgula pertence à fala, então não pode vir junto da narração, isso não faz sentido (2 e 3). E a última regra é a mais simples: a vírgula nunca vem antes de um travessão (4).

Assim sendo, só a primeira frase dada anteriormente estava correta:
O golfinho sabe nadar — disse a Matilde —, mas o morcego não sabe.

E eu agora pergunto: e se vier um verbo de fala dentro de duas frases diferentes?
O golfinho sabe nadar. O morcego, por sua vez, sabe voar.
Quero colocar “disse a Matilde” entre as frases.

Vamos lá pontuar isso corretamente. Ficaria:
O golfinho sabe nadar — disse a Matilde. — O morcego, por sua vez, sabe voar.
O golfinho sabe nadar,” disse a Matilde. “O morcego, por sua vez, sabe voar.”

Sim, a narração vai restringir-se apenas a uma frase. O verbo “dizer” está ligado à primeira parte da fala. Depois, a frase termina e começa outra, sem verbo na narração. Assim, temos de assinalar a separação das duas frases da fala com o ponto antes da segunda, separando a primeira da segunda. A narração fica “embutida” nas falas se tiver um verbo dicendi. É como se a fala se estendesse e perdurasse durante a narração que a descreve. Só aí é que termina e, terminando a narração, termina a fala que lhe estava ligada.

Noutros casos, se tivermos uma ação no meio da fala, fica assim:

O golfinho sabe nadar.” A Matilde sorriu. “O morcego, por sua vez, sabe voar.”
O golfinho sabe nadar. — A Matilde sorriu. — O morcego, por sua vez, sabe voar.

A ação não está ligada à fala por um verbo dicendi, então temos três ideias e três frases diferentes.

Se tivermos um verbo de fala MAIS uma ação, unindo as regras anteriores, fica assim:

O golfinho sabe nadar,” disse a Matilde, sorrindo. “O morcego, por sua vez, sabe voar.”
O golfinho sabe nadar,” disse a Matilde. Ela sorriu. “O morcego, por sua vez, sabe voar.”
~~
O golfinho sabe nadar — disse a Matilde, sorrindo. — O morcego, por sua vez, sabe voar.
O golfinho sabe nadar — disse a Matilde. Ela sorriu. — O morcego, por sua vez, sabe voar.

Vamos terminar agora ao falar dos casos com frases maiores.
Apesar de ser correto intercalarem uma narração com verbos de fala no meio de uma linha de diálogo longa sem a quebrarem, não podem intercalar ações no meio de uma linha de fala grande sem a interromperem. Lembrem-se, os verbos de fala completam o diálogo, a fala estende-se para os verbos dicendi… mas os verbos de ação interrompem a fala, abordam ideias completamente diferentes e não se ligam entre si.

Peguemos na frase longa:
Eu gosto de caracóis, mas detesto porcos.”
Eu gosto de caracóis, mas detesto porcos.

Podemos ter um enunciado de fala no meio:
Eu gosto de caracóis,” disse a Mariana, “mas detesto porcos.”
Eu gosto de caracóis — disse a Mariana —, mas detesto porcos.

Ou podemos ter um enunciado de fala no final:
Eu gosto de caracóis, mas detesto porcos,” disse a Mariana.
Eu gosto de caracóis, mas detesto porcos — disse a Mariana.

A ideia é que, realmente, enunciados com verbos dicendi completam a fala, venham onde vierem, e ela segue sem problemas, esteja o enunciado onde estiver, e desde que não quebre nem interrompa nenhuma ideia que componha a frase.

Mas se tiverem uma ação já não têm essa liberdade. Vejam como se inicia uma frase nova no final por causa do verbo em questão:

Eu gosto de caracóis, mas detesto porcos.” A Mariana coçou o queixo.
Eu gosto de caracóis, mas detesto porcos. — A Mariana coçou o queixo.

A única maneira de intercalarem uma ação durante uma fala é cortando a fala em várias frases distintas, assim:

Eu gosto de caracóis…” A Mariana coçou o queixo. “Mas detesto porcos.
Eu gosto de caracóis… — A Mariana coçou o queixo. — Mas detesto porcos.


E pronto! Eu disse que estávamos a terminar! Já abordámos todas as exceções e todas as situações básicas de pontuação de diálogo!

Foi um post longo, mas espero que vos tenha ajudado!

Vou agora deixar aqui uma lista com exemplos de diálogos um pouco maiores e intercalados com mais narração para as duas formas de pontuação. Espero que não tenham mais dúvidas! Estudem os exemplos agora do final e reparem nos verbos e na pontuação usada ao intercalar o diálogo com os enunciados.

Boa escrita para todos!
~~
Queria um pouco mais do teu incrível café mágico.” Lourenço deu um toque na caneca à sua frente, sorriu para a sua filha. “Por favor, claro.”
Está bem, está bem… Mas só porque o senhor é um bom cliente!” Ela saiu da cozinha a correr e no segundo seguinte berrou do quintal, “Com muita ou com pouca terra?”
Lourenço suspirou e depois respondeu de volta, “Com muita, minha senhora!” Ele só esperava que desta vez não houvesse minhocas.
~~
Odeio-te! — exclamou Renata. Ele tentou aproximar-se dela, mas a mulher foi mais rápida. — Não me toques! — Antes que ela sequer pudesse pensar no que fazia, a sua mão subiu e acertou no rosto dele.
~~
Não acredito nisto!” disse Linda. Olhou à sua volta e ainda lhe custava reconhecer a jarra que fora da sua avó entre os cacos espalhados no chão. As flores jaziam sobre uma poça de água suja. Ela voltou a sua atenção para os seus filhos. “Quem foi que fez isto?” As crianças recusavam-se a olhá-la. “Eu fiz uma pergunta!” exclamou. Eles tremeram, e ela tornou a insistir, “Quem foi o pobre infeliz que fez isto? Juro que se vai arrepender de ter achado que brincar às espadas com a vassoura era uma boa ideia!”
~~
De certeza que sabes conduzir isto?
Flávia apertou mais as mãos à volta de Hugo. Ele sorriu, mas estava de costas para ela sobre a mota e ela não o viu.
Sim, de certeza, boneca. — De travão bem preso, ele acelerou um pouco, só para fazer barulho com o motor. Ouviu o guincho dela com prazer e o seu sorriso aumentou. — Estás com medinho? — perguntou. — Se tens medinho, diz-me. Não precisas de vir agora.
Ela mordeu o lábio e apertou-se mais contra ele.
Claro que não tenho medo! — disse. A sua voz soou surpreendentemente mais firme do que ela estava à espera, e isso agradou aos dois.
Mas Flávia tinha tanto medo que nem sentia as pernas. Apesar de tudo, ela deu por si a incentivá-lo:
Estás à espera de quê? És tu quem tem medo agora?
Hugo riu-se alto e no momento a seguir a sua risada deixou de se ouvir sobre o som ensurdecedor da mota a arrancar a toda a velocidade.
~~
Já não sei o que mais posso fazer, sabes?” disse Inês. Tinha as sobrancelhas franzidas e a boca contraída numa linha fina. “Tudo me parece tão… estranho,” concluiu. “Não confio em ninguém aqui.”
Sim, eu sei o que queres dizer,” respondeu Rodrigo, pegando na cerveja que tinha sobre a mesa. Fez o líquido girar no seu interior e depois bebeu um gole rápido. “É como se o tempo corresse de forma diferente, não é? As prioridades aqui são diferentes. Mas as pessoas têm-nos ajudado,” concedeu.
Ela suspirou e retrucou, “Esta cidade deixa-me confusa.” Formou-se um beicinho amuado no seu rosto. “Quanto tempo ainda vamos ficar aqui?”
Isso depende.” Rodrigo coçou a sobrancelha direita e pareceu pensativo por um momento. Depois olhou para ela. Não disse nada e tornou a coçar a sobrancelha, com o olhar perdido na parede atrás de Inês. “Isso depende e não é só de nós os dois…”
~~
Gostas de mim? — perguntou ela. O seu sorriso era confiante. Ela sabia que a resposta seria positiva. Ela só queria torturá-lo por mais um momento.
Ele indicou que sim com um meneio de cabeça.
Diz-me — insistiu —, gostas realmente de mim?

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Extras:

1. COMO COLOCAR TRAVESSÕES
Se o vosso teclado tiver o number pad (o “num lock”) do lado direito, é muito simples. Mantenham o dedo sobre a tecla ALT e primam os números 0151. Esse é o código ASCI para o travessão aparecer.
Se tiverem um notebook/computador portátil e ele não tiver o number pad, podem colocar o travessão ao acederem à aba INSERIR do Microsoft Word, acederem a SÍMBOLO e o encontrarem na lista que aparece.
Uma sugestão muito boa é criarem um atalho próprio no programa que usam para escrever para poderem ter o travessão facilmente. O meu atalho é ALT + A. Sempre que eu primo essas teclas, eu coloco um travessão no Word. No Word podem ir a SÍMBOLOS e depois escolher TECLA DE ATALHO para definirem qualquer atalho à escolha para qualquer símbolo que queiram.
Se não tiverem um processador de texto que permita essas edições ou essas inserções de símbolo, podem fazer o que eu faço quando uso o Google docs. Procuro literalmente “travessão Wikipédia” no Google e acedo à página da Wikipédia sobre o travessão. Aí só tenho de copiar o símbolo diretamente da página e colá-lo sempre que precisar de colocar um no texto. Em vez de fazer ALT+A, faço CTRL+V.


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2. UMA ÚLTIMA DICA SOBRE DIÁLOGOS — O VOCATIVO
Esta dica é um extra. Acrescento-o aqui porque é outro erro grave que incontáveis diálogos no Nyah! têm e que é realmente simples, se quiserem tentar descobrir qual é esse erro.
O vocativo é o que se chama ao “nome” da pessoa com quem estamos a falar.
Se eu me viro para um grupo de pessoas e falo “Gente, socorro!”, esse “gente” é o que eu estou a chamar a esse grupo de pessoas. “Gente” é o vocativo.
Se eu digo “Professor, tenho uma dúvida!”, “professor” é o que eu estou a chamar à pessoa com quem falei. “Professor” é o vocativo da frase.
Se eu digo “Meu amor, podes passar-me o sal?”, “meu amor” é a forma que eu tenho de chamar a pessoa com quem estou a falar, então é o vocativo.
Caso tenham reparado, tudo aquilo que eu identifiquei como vocativo veio entre vírgulas nas frases. É uma regra gramatical muito importante e simples, que basta que interiorizem para não errarem. O vocativo tem sempre de vir entre vírgulas. Ele vem só com uma se estiver encostado ao início ou ao final da frase, mas tem de vir sempre isolado do resto.
Deixo aqui outro mini exemplo de diálogos, mas com alguns vocativos em todas as falas para servir de exemplo:

— Sabes, Pedro, eu detesto o frio…
— Sei sim, Maria, estás sempre a falar disso…
— Estou? Deixa de ser chato, deixa-me em paz, seu… seu chato!
— Eu sou chato? Tu é que és irritante, sua irritante!
— Não sejas mau, irmão, não me quero chatear contigo.
— Nem eu contigo, maninha. Tens razão.
— Vamos fazer as pazes, cabeça de mula?
     — Vamos, ancas de cegonha, vamos…


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3. DIFERENÇAS DE PONTUAÇÃO US VS UK
As diferenças de pontuação com aspas são poucas. Basicamente, nos Estados Unidos da América usam as aspas curvas duplas (“ “) e no Reino Unido e na Austrália usam as aspas curvas singulares (‘ ‘). Para além disso, na norma norte-americana, a posição da vírgula entre fala e narração com verbos dicendi é fixa. Na norma britânica e australiana, essa posição é normalmente um pouco relativa.



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Capas simples e cumpridoras

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Por: André Muniz

Como minha prima disse-me uma vez numa livraria, “Tem capas tão feias que me desestimulam sequer a ler a sinopse”. É quase que impossível não julgar pela capa logo de cara e, mesmo eu, que já aprendi diversas vezes que capa boa não é sinônimo de história boa, vez por outra julgo uma história desse modo. É até engraçado, porque a capa é o que menos diz sobre a habilidade do autor ou sobre a história e, nos livros, quase nunca é o autor que faz a capa, e sim alguma gráfica contratada pela editora (se liguem no “quase sempre”, a capa de Coração de Tinta foi criada pura e unicamente pela autora do livro, Cornelia Funke). Porém, é claro que ninguém vai criar uma capa de livro, enorme e bem trabalhada para uma fanfic. Para esta, basta uma capa simples e cumpridora. Sem mais delongas, espero ensinar aqui como escolher uma boa imagem e o básico dos básicos da edição destas.
Escolhendo uma imagem
Escolha uma imagem simples, porém cumpridora. Uma das minhas capas favoritas é a capa de A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak. Tudo que ela mostra é uma figura de preto, na neve, segurando um guarda chuva. A imagem é simples, mas cumpre o seu papel: instigar a imaginação do leitor. Quando eu vi a capa fiquei pensando em quem seria aquela figura. Seria ela a ladra de livros? Seriam os livros nas mãos dela aqueles que foram roubados? Afinal, porque ela estaria sozinha na neve? E o que isso tem a ver com a história de uma menina que roubava livros e vivia na Alemanha nazista? Repare como uma simples imagem pode trazer à tona toneladas de questionamentos.
Outra coisa interessante é prestar atenção aos detalhes. Toda história tem os seus detalhes, e é isso o que a torna memorável. Por exemplo: basta ouvir um “o.k.” e imediatamente eu penso em A Culpa É das Estrelas. Toda vez que eu vejo um guarda-roupa de madeira eu me imagino indo para Nárnia. É só ver uma rosa e todos se lembram de A Bela e a Fera. Mesmo que me esqueça do enredo central de qualquer um desses exemplos, eu ainda vou lembrar-me desses detalhes. E uma ideia boa é colocar isso na capa. Uma vez eu li um livro em que a capa continha uma rosa branca. Não entendi a capa até o final do livro, quando a personagem principal ganha uma rosa branca de seu par romântico. Imagine a minha reação quando eu finalmente entendi aquela rosa na capa! Colocar um detalhe na capa é melhor do que, por exemplo, um ator famoso que pareça com a descrição do seu personagem. Pra ser sincero, me desestimula totalmente o uso de atores na capa – já percebeu que na maior parte das vezes que aparece um personagem na capa (original) de um livro, raramente ele está de frente, geralmente está de costas ou com o cabelo no rosto? Então, isso tem um motivo. O leitor tem que ter a liberdade de imaginar os personagens, e, mesmo que o ator seja muito parecido com seu personagem, isso tira do leitor esse direito. É claro, isso vale muito mais pra histórias originais. Em fanfics propriamente ditas, é claro que o leitor vai imaginar o personagem do livro, então colocar um personagem na capa pode até funcionar (ou não).
Exemplo prático: Uma linda história sobre um garoto que ficou sem shampoo no vestiário e, mesmo tímido, foi pedir o shampoo do garoto ao lado emprestado (horrível, mas é só pra exemplificar mesmo). A capa poderia ser, por exemplo, uma embalagem de shampoo. O que faria muito mais sentido do que um monte de fotos de Andrew Garfield, Angelina Jolie, Leandro Hassum, Elba Ramalho...
Aliás, evite colocar coisas demais na capa. Fica visualmente muito mais bonito só o vidro de shampoo do que shampoo, condicionador, creme de barbear, loção pós-barba, desodorante, toalhas, cuecas...


Bem, está aí. Esse foi o primeiro artigo que eu escrevi para o blog, espero que tenham gostado. Quero agradecer às pessoas que me incentivaram e inspiraram. E lembrem-se de que tudo é relativo. Se a fanfic se passa na Itália, seria divertido um título em italiano. E nem sempre é ruim usar a imagem de um artista famoso, pode acabar funcionando. Enfim, na próxima vez que eu abrir o Nyah!, espero ver ótimas capas me convidando a ótimas histórias.


Editando a imagem
Eu gosto particularmente de dois programas de edição de imagens. O meu favorito é o photoshop; ele dá uma gama imensa de possibilidades e tem milhões de ferramentas e opções diferentes. O problema é que o photoshop é muito profissional e leva tempo para aprender a usar – principalmente se ele estiver em inglês. Para iniciantes, eu recomendo o paint.net, pois é um programa simples que trabalha com camadas (ainda melhor que o gimp, na minha opinião). Fica a dica: separe trinta minutos do seu dia, procure uma imagem qualquer no google ou no seu computador e fique brincando com ela no paint.net ou no photoshop (repetindo: o paint.net é muito mais simples). Clique em todas as ferramentas e abra cada mísera aba sem medo porque nada de ruim pode acontecer, e você vai acabar se acostumando com o programa. Aprendi a usar o photoshop assim, mexendo em cada ferramenta (é claro que isso levou um bom tempo). Não está encontrando o que procura? Vá para o google. Existem milhares de tutoriais na internet ensinando passo a passo como fazer praticamente tudo em diversos programas.
Mas, tio, como eu faço pra colocar o título da fic na minha capa?” Pra começar, eu nem acho muito legal isso de colocar título em capas. No nyah! o título fica tão perto da capa, que é impossível ver um e não ver o outro. Mesmo assim pode ser legal, dependendo da situação, mas evite títulos em outros idiomas, a não ser que tenha alguma coisa a ver com a história. Se a história inteira está em português, qual o propósito de um título em inglês? Eu não entendo inglês, por isso fico boiando em alguns títulos. Mas isso é outro assunto, vamos às capas. Tanto no paint.net como no photoshop a ferramenta de texto fica bem à mostra, no canto esquerdo da tela. Uma dica legal é que você pode baixar outras fontes na internet. Basta pesquisar um site de fontes no google (eu costumava usar o NetFontes, que é bem completo e fácil de usar), baixar a fonte desejada e, depois, procurar a pasta de fontes do seu computador (geralmente é só procurar no menu iniciar ou no painel de controle do computador) e passar a fonte baixada para lá. Tente baixar uma fonte legível, evite colocar cores muito fortes e que desviem a atenção da imagem. Não obstante, também não coloque uma cor muito opaca ou muito parecida com a imagem, o que acabaria impedindo o texto de ser lido. E, pra concluir, lembre-se de que muitas fontes baixadas pela internet não possuem acento gráfico, por isso, tome cuidado com o seu título.
Fontes bibliográficas:
Acesso em: 16/06/2014
Acesso em: 16/06/2014
Acesso em: 16/06/2014
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A Regra dos Porquês

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Por: Anne Evelin
A Regra dos Porquês 
     Então você tem dificuldade com a regra dos porquês? Esse post é pra resolvê-la. Não sou nenhuma especialista, mas a ideia é ajudar-te a entender a regra de uma forma mais simples. Explicarei da forma que aprendi. Acredite: antigamente, achava que nunca ia aprender, mas com uma associação prática e fácil, sempre dá pra saber qual “porquê” utilizar.
     Vamos por tópicos, ok? 
·         Porque: 
   “Gosto de você porque me faz bem”.  Utilização correta!
  “Ana não pôde ir porque sua mãe não concedeu permissão”.  Utilização correta!
  “Ela ama Rodrigo? Não sei porque.”   Utilização errada!
        Como pode perceber nos exemplos acima, o “porque” junto e sem acento é utilizado exclusivamente para explicações. Quando a intenção é dizer o motivo de algo ter ocorrido, é o “porque” que se deve usar. Se alguém perguntar o porquê de Ana não ter ido, você responderá (dando uma explicação) com o “porque… e prossegue a explicação”. Agora, no último exemplo, o emprego do porque junto e sem acento está errado. Alguém sabe me dizer por quê? Ok, eu digo! Sabe esse “por quê” que acabei de utilizar? Bom, era ele que deveria ter sido posto aí, nessa última frase. Mas isso é assunto pra outro tópico, e pra outro tipo de porquê. Por ora, espero que tenha entendido que o “porque” (junto e sem acento) equivale a conjunções de explicação, como “pois”, “já que” etc. Caso você consiga substituir o “porque” por alguma dessas conjunções, o emprego do mesmo está correto. Caso não, está errado. Observe que, no último exemplo, se eu substituir o “porque” pelo “pois”, vai ficar totalmente sem sentido, e é exatamente por isso que o “porque” junto e sem acento não cabe ali.
         Então, espero que tenha entendido, porque esse é simples. 
 ·         Porquê 
      Também é muito simples entender a utilização desse porquê. Não muito diferente do porque junto e sem acento, esse porquê também dá a entender que há uma causa, uma razão para algo. A única diferença é que o “porquê” geralmente será acompanhado de um artigo, como “o” ou “um”. Ou seja: não se pode utilizar “porquê” junto e com acento nas mesmas circunstâncias em que utiliza-se o “porque” junto e sem acento, e o porquê disso é simples: ele é um substantivo, e não uma conjunção explicativa. Ao invés de substituí-lo pelo “pois”, e “já que”, que são os que combinam com o “porque”, para provar que o seu porquê tem sentindo, basta substituí-lo por “motivo”. Ex.:
        Você sabe o porquê de Ana não ter ido à escola?  O motivo de Ana não ter ido.
       Quero um porquê de ela não ter ido!  Um motivo para ela não ter ido.
       Porquê ela não foi  Utilização errada. Veja que, se substituirmos “porquê” por “motivo”, “razão”, a frase não terá nenhum sentido. 
·         Por que 
          Apesar de a maioria das pessoas achar que esse “por que” separado e sem acento só é utilizado em tom de questionamento, ele, na verdade, tem duas formas (corretas) de utilização. Uma delas é interrogativa. Observe:
         Por que Ana não foi à escola?
       Utilizar esse “por que” é a mesma coisa de se perguntar “por qual motivo”, e é exatamente por isso que ele é correto para interrogações. Vê como é simples? Sempre que quiser questionar alguma coisa, veja com qual porquê ela se encaixa. Ex.:
      “Sabe porque Ana não foi à escola”?  Ficará sem sentido pelo fato de o “porque” junto e sem acento ser o mesmo de “pois” e “já que”, ou seja, a frase não terá caráter interrogativo se ele for utilizado.
     “Sabe porquê Ana não foi à escola?”  Esse “porquê” desacompanhado numa frase interrogativa também não terá sentido, já que ele é a mesma coisa de “motivo”. Ficaria “Sabe motivo Ana não foi à escola?”. Para tomar sentido com esse “porquê”, ele teria que vir acompanhado de algum artigo, e então ficaria: “Sabe o porquê de Ana não ter ido à escola?”  O motivo de Ana não ter ido.
     “Sabe por que Ana não foi à escola?”  Agora sim! Sem precisar de acompanhamentos nem fazer a frase perder seu sentido original, esse “por que” está devidamente correto! Seria o mesmo de perguntar “Sabe por qual motivo Ana não foi à escola?”.
         E então, você entendeu a primeira utilização do “por que”? Lembre-se de tentar substituí-lo por “por qual motivo” para ver se ele tem coerência numa frase interrogativa .
      
       A segunda utilização do “por que” vem em frase não-interrogativas. Mesmo quando não há a intenção de perguntar o motivo de algo, esse “por que” pode vir a calhar. Como? Simples. Novamente, ele vem com o mesmo significado de “por qual motivo”, então, caso queira ver se ele tem sentido, é só substituir pelo mesmo. Para esclarecer melhor, vamos a alguns exemplos:
        “Eu sei por que Ana não foi à festa.”  É o mesmo de se dizer “eu sei por qual motivo Ana não foi à festa”. 
      Já vi muitas pessoas utilizando, em frases desse tipo, o “porque” junto e sem acento, mas isso é incoerente, viu? Se você sabe por qual motivo Ana não foi à festa, você sabe por que ela não foi, e não porque. Vamos a mais um exemplo do “por que” utilizado fora de frases interrogativas:
      “Eu queria saber por que ela não gosta de mim”.   O mesmo sentido seria alcançado se você dissesse “Eu queria saber o porquê de ela não gostar de mim” (como eu já disse, no caso do porquê, seria “o motivo de ela não gostar de mim”). Só que utilizar o “por que” é muito mais prático e fácil. É só ter em mente que ele não serve para explicações, que nem o “porque”, e nem é a mesma coisa que “motivo” ou “o motivo”, e sim “por qual motivo”.
         Agora, vou utilizar todos os porquês que já tratei num diálogo, para você frisar o que já aprendeu:
Eu não sabia por que¹ Ana me odiava, mas imaginava que o porquê² disso tinha a ver com meu jeito de me vestir. Mas por que¹ alguém se importa tanto com isso? Pra mim, é porque³ são pessoas fúteis e sem valor.
 
   ¹ = Por qual motivo.
  ² = Motivo ou o motivo.
 ³ = Pois ou qualquer outra conjunção explicativa.
      Veja que, se substituirmos esses porquês pelos afins que coloquei no “índice” acima, a frase continuará a ter sentido. 
·         Por quê
 Muito parecido com o por que separado e sem acento, “por quê” também é o mesmo de “por qual motivo”, e também pode ser utilizado tanto em frases interrogativas quanto não. A única diferença entre esse “por quê” e o “por que” é que, esse, com acento, será utilizado quando vir junto ao ponto de interrogação ou ao ponto final. A primeira utilização dele, em frases interrogativas:
        “Ana não foi à festa. Por quê Observe que o que interfere no acento é o “por quê” estar junto ao ponto de interrogação.
       Outra utilização muito frequente desse “por quê” é quando alguém nos diz, por exemplo:
    “Não gosto da Ana”, e nós perguntamos:
   “Por quê?”.  Sempre que estiver junto ao ponto de interrogação, terá acento circunflexo.
      Agora, a outra utilização de “por quê”, que também é muito simples:
    “Ana não gosta de mim? Eu daria tudo pra saber por quê.”  Por qual motivo. Observe que ele está fazendo exatamente o mesmo papel do “por que” separado e sem acento, mas, como está no fim da frase e junto ao ponto de interrogação, toma um circunflexo.
         Fácil, né?
         ~ * ~
     Bom, é isso! Espero que tenha sido útil e que você tenha aprendido a utilizar todos os porquês. Eu aprendi por força do hábito e pelos termos em comum; sempre substitua seus porquês pelos termos que têm o mesmo significado que eles, pois isso ajuda muito na hora de ver se a frase realmente tem coesão com aquele porquê utilizado.
     Caso não tenha ficado muito claro ainda, acesse algum desses sites e veja mais maneiras de aprender a utilizar os porquês:
     Foi um prazer!




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As imagens que servem de ilustração para o posts do blog foram encontradas mediante pesquisa no google.com e não visamos nenhum fim comercial com suas respectivas veiculações. Ainda assim, se estamos usando indevidamente uma imagem sua, envie-nos um e-mail que a retiraremos no mesmo instante. Feito com ♥ Lariz Santana