Como escrever um epílogo

terça-feira, 29 de julho de 2014
Por: Queen Bitch
Olá, queridos. Hoje vamos falar de epílogo.
A palavra “epílogo” vem do grego epílogos, que significa conclusão.
No teatro da antiguidade clássica e no seiscentista era uma última fala do ator, o último ato que dava por encerrada a ação ou uma despedida para com o público. No cinema e na televisão costuma ser uma seleção de imagens, textos ou até um vídeo relacionado ao destino dos personagens.
Pode ser usado também no sentido figurado como sinônimo de desfecho; fim.
Foi o epílogo de uma vida.
Um exemplo é: o seu livro é um romance e a trama se concentra nos problemas e dificuldades que o casal principal tem. No último capitulo, eles se casam e têm um filho. O epílogo pode contar, resumidamente, como eles levaram a vida, se tiveram mais filhos, se continuaram felizes. 

Um exemplo clássico é o epílogo do livro “Os Lusíadas”, de Luiz Vaz de Camões. É a conclusão do poema, ele lamenta o futuro na Nação Portuguesa, ele desabafa e tem um tom crítico.
Destemperada e a voz enrouquecida, 

E não do canto, mas de ver que venho 
Cantar a gente surda e endurecida. 
O favor com que mais se acende o engenho 
Não no dá a pátria, não, que está metida 
No gosto da cobiça e na rudeza 
Duma austera, apagada e vil tristeza.”
Um exemplo que eu, particularmente, gosto, é o epílogo do livro “A esperança”, da trilogia Jogos Vorazes. No último capítulo a personagem declara seus sentimentos, mas é no epílogo que temos a continuação daquilo. É no epílogo que sabemos como as coisas ficaram depois. É exatamente para isso que o epílogo serve.

Parece simples? É mesmo. Assim como o prólogo, que é o seu oposto, o epílogo não é obrigatório. Você faz se achar que é preciso.
Normalmente, no último capitulo da historia tudo se resolve. Como é o ultimo capitulo você dá um final para a trama, mas pode ser que, ainda assim, você sinta que tem algo faltando. E o epílogo é justamente para isso. Ele é uma adição ao final da história.
Agora que você já sabe o que é um epílogo, vou ensinar como escrevê-lo:
  • O seu epílogo pode ocorrer um dia ou mesmo um ano depois do “fim” da história. O importante é que ele seja coerente com o resto da historia.
  • É recomendável que seu epílogo mantenha a narrativa da história. Se você escreve em primeira pessoa, escreva-o em primeira. Se a história está em terceira pessoa, escreva o epílogo também na terceira. Isso vai ajudar seu epílogo a fluir com o restante do texto.
  • Se você planeja uma continuação, o epílogo pode servir como base. Ele pode apresentar uma reviravolta, um novo conflito que será abordado num próximo livro, etc.
  • Não existe um limite de páginas, mas é interessante não deixar que o epílogo torne-se a resolução da sua história. Como eu já disse, ele deve ser somente uma adição.
Não mais, Musa, não mais que a Lira tenho 

(Estrofe 145, canto 10)

Referências
[consultado em 08-07-2014]
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Como escrever um review

segunda-feira, 21 de julho de 2014
Por Roberto Lasneau (Jean Claude)

Os reviews, também conhecidos como comentários, são bastante desejados por todos os escritores. No entanto, o leitor pode se sentir inseguro ao dar sua opinião, pode estar sem saber o que dizer ou, simplesmente, estar com preguiça.
Um review pode ser considerado uma crítica, caso ele tenha certas características (podendo ser uma crítica construtiva ou destrutiva), mas ele não se prende a esse rótulo, já que, num comentário, temos a liberdade de interagir melhor com o autor, diferente da crítica.
Neste post, mostrarei cinco situações em que um review pode ser trabalhado: primeiro capítulo, capítulo do meio, último capítulo, one-shot e poesia.

Caso 1 – Primeiro capítulo
É aqui que começa nossa impressão da fic. Algumas coisas que se podem fazer:
• Abordagem inicial – O clássico “Oi, tudo bem?”, uma apresentação bem básica como leitor, tudo bem simples. É um bom momento para falar sobre como você descobriu a fic, afinal, os autores gostam de saber que a história deles foi vista em algum canto (seja no site mesmo ou por recomendações de outras pessoas).
Análise literária – Você pode dizer o que achou da história (ortografia, narração e enredo), colocando pontos positivos e negativos, como as críticas mesmo. É um bom momento para citar os personagens, dizer de qual você gostou ou não (e dizer o porquê). É um bom momento também para falar o que você espera da fic, fazer algumas perguntas (caso queira) ao autor e trabalhar mais a comunicação entre leitor e autor.
Comparações – Aconteceu algo na sua vida que também ocorreu na fic? Existe algum personagem que é igualzinho a alguém que você conhece? Comente! Pode parecer que é algo inútil para o autor, mas ele se interessa, sim. Dessa forma, o autor consegue ver que você compreendeu o que ele quis passar com tal cena ou personagem e ele ficará muito feliz.
A leitura – Comente sobre como foi sua leitura, se foi agradável, leve, ruim ou pesada, independente se foi algo positivo ou negativo, comente. Autores gostam muito de analisar outros pontos de vista.

Caso 2 – Capítulos do meio
Diferente dos primeiros capítulos, aqui a história já está se desenvolvendo e, se você for um leitor assíduo, que já comentou em todos os anteriores, aquele clima de introdução já se foi. Algumas coisas que podem ser feitas:
• Abordagem aprofundada – Se durante os comentários vocês tiveram um bom contato, mantenha-o sempre que puder. Um review que tenha essa troca de mensagens iniciais acaba saindo melhor, pois a abordagem funciona como um aquecimento.
Destaque o que você mais gosta – Selecione algum trecho do capítulo e diga que foi o seu favorito e explique o porquê. Dessa forma, o autor saberá que acertou naquele quesito e saberá onde manter sua escrita.
Bata na mesma tecla – Se tem algo que o autor erra bastante e você já comentou isso, continue batendo na mesma tecla, isso precisa ser fixado na mente dele.
Coloque-se no lugar dos personagens – Aconteceu algo muito bombástico na fic? Alguma revelação ou reviravolta? Coloque-se no lugar do personagem em questão, explique como você se sentiria se estivesse naquela situação, o que faria (e se conseguiria). O autor gosta de conhecer mais um pouco sobre quem lê os seus textos, assim ele programa o seu público-alvo.
Comente sobre detalhes – Algo bem simples foi narrado e você viu necessidade de comentar, mas achou desnecessário por ser muito simples? Comente. Muitos autores costumam colocar grandes mensagens em pequenas coisas, será uma ótima oportunidade para conhecê-lo melhor.

Caso 3 – Último capítulo
Aqui temos o clima de despedida. Se você chegou até aqui numa história, então é porque, provavelmente, gostou muito dela. Algumas coisas podem ser feitas:
Faça uma retrospectiva – Que tal lembrar-se de todas as coisas grandes que já aconteceram na fic? Fazer um comparativo entre o personagem no primeiro e no último capítulo (esse comparativo também funciona bastante com a escrita). Dizer sobre tudo o que você gostou e os principais fatores que fizeram você continuar a leitura. Dessa forma, na próxima fic, o autor saberá melhor como começar.
Faça algumas perguntas – Pergunte se ele pretende lançar uma nova fic e sobre o que ela se tratará, vai que te interessa também?
Destaque a cena que mais gostou – Últimos capítulos costumam ter cenas marcantes. Destaque uma que tenha te marcado e explique o motivo ao autor.
Fale sobre o final – Claramente é a parte mais importante nesse tipo de capítulo. Diga se você gostou do final, se ficou satisfeito com a leitura. Se a história tiver alguns pontos que não foram esclarecidos, pergunte ao autor.

Caso 4 – One-shot
A one-shot tem um pouco de cada um dos três casos anteriores, afinal, é uma história inteira dentro de um capítulo. Então todos os pontos usados nos outros três casos podem ser usados aqui, apenas escolha os que você preferir.

Caso 5 – Poesia
Muitos consideram a leitura de poesia algo mais complicado, de difícil entendimento, mas com uma leitura mais lenta, a interpretação se abre aos poucos. Na hora de comentar poesia é muito importante se comunicar com o autor, para entender o que ele quis repassar, então:
• Pergunte bastante – Não fique com vergonha se você não entendeu algo. Pergunte. Pergunte tudo que você quiser sobre o que o autor quis dizer. Poetas adoram explicar seus poemas.
Destaque seu verso favorito – Destaque-o e diga o que ele te lembra, qual a mensagem que ele te passou e o que você entendeu com ele. O autor terá o prazer de entender seu ponto de vista e compará-lo ao dele.
Analise bastante – Faça todas as interpretações que quiser, comente tudo que o poema fez você sentir, fale sobre tudo, mesmo que não pareça ter tanto sentido assim. Dessa forma, o autor terá o prazer de te esclarecer tudo.

Caso extra – Como dizer que eu não gostei de algo? E se o autor se ofender?
A base da crítica é composta de educação e explicação. Apenas seja educado, sempre se refira à fic e não ao autor e, mais importante ainda, explique o porquê de tal coisa estar ruim, tenha um argumento. Não adianta muita coisa você reclamar de algo e não saber explicar o porquê. Se possível, faça sugestões para que o autor possa melhorar.
Com isso, você já fez sua parte. Mesmo com isso tudo, caso o autor se ofenda, não leve para o lado pessoal, apenas entenda. Não se sinta culpado, afinal, a partir do momento em que alguém posta uma história, ela estará aberta a críticas e opiniões. Desde que você mantenha a educação e a argumentação, você não tem com o que se preocupar. Se o autor ficar incomodado e isso te deixar inseguro, você pode parar de acompanhar a fic (ou simplesmente parar de comentar).
http://pt.wikihow.com/Escrever-um-Coment%C3%A1rio – Como escrever um comentário

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Como criar um mundo em (talvez mais que) seis dias (1/3)

segunda-feira, 14 de julho de 2014
Por: M L Carneiro

Ahoy! Venho hoje falar de um tema que muita gente já deve ter lidado ou ao menos pensado: a criação de um mundo fictício. Já houve um artigo aqui no blog com um tema parecido, por isso, para não soar repetitivo, tentarei abordar o assunto de forma um pouco diferente. Para a postagem também não ficar muito extensa (e mesmo assim ficou...), eu a dividirei em três partes, passando dois “dias” em cada. Colocarei aqui tudo o que pesquisei para fazer este texto, além das experiências que eu já tive com o tema, e tentarei sempre dar exemplos para ficar mais claro, seja a partir de mundos já criados, de algum que eu já criei, ou de algum outro fictício criado na hora. Preparados? Então vamos ao trabalho!

Primeiro dia – Começando

ou “O que raios eu tenho que fazer de início?”

A primeira coisa que eu tenho que contar para vocês é que o título dessa postagem é uma piadinha. Criar um mundo inteiro é algo bem trabalhoso, acredite: você não vai conseguir criar algo tão detalhado como a Terra em seis dias. Dependendo do quanto você quiser se aprofundar, você levará semanas, meses ou até anos para concluir o mundo que você queria criar. E sempre vai ter espaço para mais criação.
Caso você esteja determinado a trilhar este longo caminho para chegar ao seu objetivo, a primeira coisa que deve fazer é se perguntar: “Por que eu quero criar esse mundo?”. Qual é o seu objetivo com essa criação? Pode haver diversas razões para isso, mas se você está lendo esse post, imagino que seu objetivo esteja relacionado a alguma história original que queira escrever. Se for isso fica mais fácil, pois assim você provavelmente já tem alguma ideia para essa história e vai guiar a construção do mundo em torno dela.
Mas aí eu te pergunto: Você precisa mesmo criar um mundo? A Terra não é suficiente para a sua história? Eu pergunto isso porque você pode economizar um enorme tempo se usar a Terra como cenário de sua narrativa. Milhares de livros fantasiosos se passam em nosso planeta, apenas adicionando um pouco de pó de pirlimpimpim, talvez. Podemos citar diversos best-sellers que fazem isso: Harry Potter, Percy Jackson, Crepúsculo (talvez tenha sido um pouco de pirlimpimpim demais aqui), os quadrinhos da Marvel, Cavaleiros do Zodíaco e o próprio Sítio do Pica-Pau Amarelo. São todas histórias cheias de ficção e fantasia, mas situadas na Terra. Nosso mundo já está aqui, pronto, amplamente detalhado, você já conhece muito dele e, o que você não conhecer, é só chamar o nosso amigo Google.
Não é muito mais fácil usar a Terra? Além disso, como eu disse há pouco, criar um mundo dá um trabalhão, então se você quiser economizar esforço ou achar que sua história pode muito bem se passar no meio de nós, é só pegar suas ideias e moldá-las ao nosso mundo. Aí você pode até parar de ler este artigo por aqui e se focar em começar a escrever sua história! Isso não é ótimo? (Brincadeira, pode continuar lendo, porque os próximos tópicos também podem ser úteis)
Falando sério mesmo, para muitas pessoas, criar um mundo pode só atrapalhar e tirar o foco de criação do enredo da história. Se existe bloqueio criativo para escrever, imagine para criar um mundo. Então analise muito bem e veja se no seu caso não vale mais usar o nosso planeta azul em lugar de gastar um grande tempo moldando outro.
Maaaas se você é que nem eu e tem esse espírito desbravador e criativo, e para você o mundo não é o bastante, vamos lá, próximo passo. A segunda coisa a se fazer é começar a definir algumas coisas básicas, como: que tipo de mundo vai ser? Você vai usar algum outro como inspiração ou base? Quer que ele seja mais caricatural ou que seja o mais verossímil possível? Qual vai ser o tamanho desse mundo? Estou sempre falando aqui de um planeta, mas um “mundo” que eu digo pode ser menos ou mais que isso. Você pode criar uma ilha flutuante no meio do nada, ou um planeta do tamanho daquele do Sr. Kaiô de Dragon Ball, assim como você também pode criar um mundo complexo como a Terra Média ou mesmo uma galáxia inteira, como em Star Wars.
A minha dica aqui é: crie um mundo compatível com o tamanho da história que você quer escrever. Por favor, não me venha querer criar uma Westeros para escrever uma one-shot (aliás, se você quer criar um mundo para uma one-shot, por favor, volte para aquela minha pergunta de quatro parágrafos atrás). Pense no tamanho que você pretende que sua história tenha e crie um mundo de dimensão compatível. Às vezes você não precisa criar e detalhar o planeta inteiro, diversos autores fazem isso, desde Tolkien e Martin até o Paolini (escritor de Eragon). Você pode criar um continente, uma ilha, dois continentes ligados... Isso é usado, especialmente, quando a temática da história é medieval e não se consegue explorar e cartografar o planeta inteiro. Talvez, para a sua história, tudo o que você precisa detalhar é uma cidade ou um reino. O maluco do George Lucas criou uma galáxia inteira, mas foi para uma história gigantesca, com vários livros e filmes. Então pense bem no tamanho e no tipo de mundo que você vai criar, tendo em mente que quanto maior for ele, mais tempo você gastará detalhando-o.
Outro ponto interessante de se ponderar é sobre como vai ser a sua “ordem de criação”. O que seria isso? É algo como o que você vai pensar primeiro no seu mundo. O que veio primeiro, o ovo ou a galinha? Para explicar melhor, vou mostrar algumas opções que você tem:
  • Pensar em como foi a Criação e seguir a partir daí: Essa é uma forma ousada e difícil de se fazer, mas a ideia aqui é definir como foi a concepção desse mundo e, a partir disso, criar o que veio depois. Por exemplo, você pode pensar que, no seu mundo, uma criatura divina chamada Sued criou seu planeta em seis dias e descansou no sétimo. A história da população daquele mundo começou com uma mulher chamada Ada, que estava sozinha, e então Sued criou um homem para lhe fazer companhia, o Evão, a partir de uma vértebra de Ada. Aí, com base nesse início, você pensa em como o mundo se desenvolveu, criando toda uma cronologia até o tempo da sua história.
  • Pensar em como é hoje e voltar até a criação: Assim talvez seja um pouco mais fácil. Você imagina o mundo como ele é nos “dias atuais”, ou seja, no tempo em que você contará a sua história, e vai pensando no que aconteceu antes disso, voltando até chegar em como aconteceu a criação do mundo.
  • Pensar em um rascunho inicial e deixar sua história moldar o resto: Aqui eu acho que é o jeito mais simples, mas pode ser um tiro no pé mais para frente. A ideia é você criar um rápido rascunho de algumas características principais do mundo, desenhar rapidamente um mapa, criar o nome de algumas cidades e pronto. A partir daí, enquanto você escreve, vai detalhando o mundo, povoando as cidades, pensando em como é aquele povo, criando as histórias, criando novos caminhos e lugares. O mundo fica mais como uma folha em branco que você preenche enquanto escreve. As vantagens são que você fica mais livre e precisa de menos tempo de planejamento, mas as desvantagens são que você pode acabar se perdendo no meio da trama, errando alguns detalhes ou criando algo confuso e não verossímil. Então pense bem antes de usar essa técnica.
  • Pensar no que você quer que o mundo tenha de diferente e criar um background: Essa é a técnica que eu usei quando comecei a criar o meu mundo e é uma que eu gosto bastante, pois pode ser bem útil para histórias que surgem de uma ideia específica. Você foca nela e começa a criar o mundo inteiro em torno daquilo. Vou usar como exemplo aqui o mundo que eu criei (na verdade, que ainda estou criando). Ele é um mundo fantasioso no estilo da Terra Média. A ideia inicial foi de que nele os elfos estavam em péssima situação, dizimados e muito enfraquecidos. Aí eu fui criando... Por que eles estavam assim? O que levou à ruína deles? O que aconteceu com as outras raças quando os elfos ficaram fracos? Assim por diante. A partir de uma ideia, você vai criando e moldando o mundo até ele chegar à forma que você quer que ele tenha.
Mas vale anotar aqui que nenhuma dessas técnicas é excludente e que elas não são as únicas, pelo contrário. É muito comum você mesclar algumas delas, ou usar uma delas de inicio e depois complementar com outra, enfim, são várias possibilidades. O importante é, se você não souber como começar, escolha uma dessas técnicas e comece. Só assim o mundo pode começar a tomar forma.

Segundo dia – Planejando

ou “Como vai ser meu mundo?”

Tudo bem, você já se decidiu que vai mesmo criar um mundo, já pensou mais ou menos em como ele vai ser e já tem ideia da forma em que vai pensar na criação dele. Ok, e agora? Agora o ideal é começar a pensar em fatores mais práticos de seu universo. Para isso, vou separar os tópicos principais em algumas perguntas para guiar o seu desenvolvimento. Aí vai:

Qual é o nível de tecnologia presente?
Isso pode definir muita coisa da sua história, afinal, quantidade de tecnologia que um mundo possui influencia demais o comportamento dos povos. Lembre-se de que nível de tecnologia não é algo só de science-fiction, afinal, um instrumento pontiagudo já é um tipo de tecnologia. Seu planeta pode estar na era pré-histórica, na era do bronze, ou então já ter evoluído para a era do ferro, enfim, mesmo em cenários antigos é preciso se definir a que tipo de tecnologia os povos têm acesso.
Aqui você só precisa tomar cuidado se quiser fazer um mundo muito verossímil, pois então terá que pesquisar bastante para saber quais tecnologias influenciam ou permitem outras. Caso esta não seja a sua intenção, você pode misturar sem problemas algumas tecnologias antigas com novas, colocar transportes aéreos em mundos medievais, ou mundos avançados em que não se usa pólvora, enfim, a sua imaginação é o limite.
O quanto de fantasia ou magia existe?
Normalmente, trato isso como o “nível de mana” do mundo. Em alguns deles isso é zero, então se prepare para usar sempre e unicamente a tecnologia. Em outros, existe magia, mas a “mana” é muito baixa, ou seja, magia é algo raro e poderoso. Alguns exemplos disso são os mundos de O Senhor dos Anéis e de A Song of Ice and Fire. Nesses dois mundos, apesar da magia existir, não é algo que se presencia a todo o momento, você não vê bolas de fogo voando para todos os lados. Já outros mundos possuem mana até em excesso, como em Harry Potter, onde aparentemente nada limita o quanto de mágica você pode fazer, ou em Eragon, onde a magia pode fazer qualquer coisa, até as mais mirabolantes.
Portanto, pense em que tipo de fantasia você que colocar na sua história e como isso vai afetar os personagens e desenvolver os fatos. Lembre-se também de que, magia sempre é algo muito poderoso e, como diz o Rumpelstiltskin de Once, “always comes with a price”. Tenha cuidado, sempre coloque um “preço” na magia, alguma forma de limitação, para que ela não vire algo totalmente desbalanceado que deixe a história chata ou que seja um recurso desonesto para os personagens que possam usá-la. Muitas histórias pecam nisso e depois não conseguem te convencer em por que tal personagem não fez uma mágica em determinado momento.
Qual é o tipo de organização social do mundo?
Aqui é um ponto bem importante também, pois definirá como os povos e as personagens se relacionam. O seu mundo segue uma configuração feudal com castelos, servos e vassalos? Ou é uma sociedade escravocrata? Talvez já seja algo mais avançado, industrial ou mesmo capitalista. Ainda pode ir além, sendo um sistema de castas, dividido em sociedades distintas, ou distritos, com direitos e obrigações diferentes.
Tente pensar no que faz mais sentido para a sua história e pesquise um pouco sobre. As aulas de história da escola podem ser muito úteis aqui. Tente aprender um pouco mais sobre o funcionamento do modelo que você vai adotar, ou então desenvolva muito bem o modelo que vai criar. Lembre-se também de que não é o mundo todo que precisa seguir a mesma organização, alguns reinos podem ser feudais, enquanto outras cidades distantes são ainda escravocratas. Alguns países podem ser capitalistas enquanto outros são socialistas, etc. O importante aqui é você saber minimamente como esses modelos funcionam e adequá-los bem ao seu cenário.
Qual o principal problema do seu mundo?
A menos que você queira criar uma história no estilo de Teletubies, seu mundo terá problemas. Até os Ursinhos Carinhosos tinham problemas, oras. Digo mais, o problema normalmente é a parte mais legal da história, é o plot, o ponto central, o detalhe que faz tudo se desenrolar. Então pense, qual é o principal problema do seu mundo? Um rei maligno que tomou conta do reino e oprime a todos? Um homem que traiu sua ordem e recrutou um exército de homens maus para destruir o país? Um grupo de pessoas que se acha superior aos outros e quer dominá-los? Uma peste que assola o reino e que ninguém sabe a cura?
Em grande parte das vezes o problema, a princípio, é de dominação, alguém mais forte querendo subjugar alguém mais fraco. No entanto, tome cuidado para não se limitar a isso, pois esse normalmente é um bom plot para uma história. Mas estamos falando do plot de um mundo, algo bem maior. Qual é a motivação dessa pessoa para querer dominar todo o restante? O que propicia as guerras que acontecem nesse planeta? Tente ir mais além e pensar na razão por trás dos problemas.
Para clarear um pouco aqui, vou dar um exemplo do mundo que eu criei, mostrando como os problemas podem ter várias camadas.
Qual é o principal problema aparente desse cenário? Um imperador maligno destruiu e conquistou vários reinos e quer dominar grande parte do mundo. Ok. Mas por que ele fez isso? Porque na verdade todo o continente dele foi dominado por uma peste que transforma os homens em um tipo de morto-vivo e esse imperador conseguiu controlar essas criaturas. Mas de onde surgiu essa peste? Ela foi espalhada por criaturas que estavam escondidas dentro da terra e agora estão se libertando. E por que essas criaturas estavam dentro da terra? Porque elas ajudaram a construir esse mundo, com o preço de que ficariam escondidas ali para depois de certo tempo tomarem o mundo para elas. E por que elas ajudaram a construir o mundo? Porque o deus que criou esse mundo não tinha o poder necessário para fazer isso sozinho. E por que esse deus quis criar esse mundo? Para presentear outra deusa, sua esposa. Ou seja, a culpa da destruição dos reinos começou quando o deus fracote quis fazer um mimo para sua esposa. Viram como dá para aprofundar bastante?
Qual o principal diferencial do seu mundo?
Na mesma linha da pergunta anterior vem essa, mas dessa vez passando para as coisas boas. O que seu mundo tem de bom que o diferencia dos demais? Você pode começar a aprender magia aos 11 anos? Você controla as pessoas se souber o nome verdadeiro delas? A política lá é tão complexa e interessante? Os deuses andam entre os homens? A água está acabando e é uma arma contra uma praga? Existem diversas raças diferentes e interessantes? A gravidade é estranha? As pessoas cavalgam dragões? Os vampiros brilham?
Veja que você pode criar uma infinidade de características e diferenciais dos mais variados tipos. Esses diferenciais, normalmente, estão ligados à ideia principal da história e são os chamarizes para o leitor começar a ler. Imagine um mundo onde tal coisa acontece, imagine um mundo assim e assado, imagine um mundo onde isso é assim... Nós sempre buscamos coisas diferentes e extraordinárias e, se seu mundo for ser extraordinário, defina bem como e por quê.
Por que você acha que é legal contar uma história do seu mundo?
Essa é uma parte bem importante, a menos que você queira criar um mundo só para si. Depois de pensar em todos esses detalhes que eu falei, faça essa pergunta a si mesmo. Está difícil de responder? Volte e trabalhe mais um pouco nos pontos anteriores. Eu não quero dizer que você tem que criar uma obra prima, mas seu mundo tem que ser minimamente interessante, tem que chamar a atenção de alguma forma, tem que ter um problema e um diferencial marcante, tem que conseguir prender a atenção de seu futuro leitor. Senão você estará tendo um trabalho gigante para nada. Então pare, pense e reflita se essas características iniciais que você pensou estão te agradando. Se precisar, volte e trabalhe mais um pouco, caso contrário você está pronto para o próximo dia.
---------------xXx---------------
E então, prontos para começar a criação? Enquanto os próximos dias não vêm, comecem a pensar em todos esses pontos que eu coloquei aqui e deem início ao desenvolvimento desse mundo que está escondido aí dentro das suas cabeças. Espero que tenham gostado da postagem e que ela seja útil de alguma forma. Se tiverem dúvidas sobre alguma coisa que eu falei ou quiserem complementar com algo, por favor, façam isso, comentem abaixo que responderei com prazer.
Vejo vocês na próxima parte, que trará o terceiro e quarto dia, “esculpindo” e “povoando”, respectivamente. Os últimos dois dias, “explicando” e “detalhando”, ficam para a última postagem.

Até mais! Cheers!

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Pronomes reflexivos e pronomes recíprocos

segunda-feira, 7 de julho de 2014
Por: Takahiro Haruka

Mais pronomes? Sim, meu caro, mais pronomes.

Olá a todos. Hoje vos trago um artigo falando especificamente sobre pronomes reflexivos e pronomes recíprocos.

Os pronomes reflexivos muitas vezes são negligenciados pelo pouco uso, desconhecimento ou falta de atenção. Como assim?

Pois bem, para iniciarmos, precisamos antes saber qual é a função do pronome reflexivo:

O pronome reflexivo indica que a ação do sujeito reflete nele próprio.

O pronome reflexivo é usado quando quem faz a ação é ao mesmo tempo quem a recebe.

Por exemplo:
Eu me cortei ontem.
Eu cortei. Cortei quem? Eu mesmo.

Encontro sempre por aí algumas situações em que o pronome não é usado por uma questão de oralidade, ou seja, a falta do costume de usá-lo no dia-a-dia. Veja a seguir:

Eu sentei no banco.
Eles se julgavam.
Eu se machuquei.

Observe os exemplos em que o pronome foi usado de modo inadequado ou não foi usado. No caso do primeiro, eu sentei no banco, o correto seria eu me sentei no banco. No segundo, eles se julgavam, devia ser eles se julgavam a si mesmos. E, no último, eu se machuquei, eu me machuquei.

Os pronomes reflexivos estão diretamente ligados aos pronomes oblíquos, sendo os átonos:

Eu – Me
Tu – Te
Ele/Ela – Se*
Nós – Nos
Vós – Vos
Eles/Elas – Se*

*a forma do pronome é a mesma na 3ª pessoa do singular e na 3ª pessoa do plural.

Há também os pronomes reflexivos que acompanham os pronomes oblíquos tônicos. São eles si e consigo (Ele chamou a si mesmo de indulgente. / Preocupe-se consigo mesmo).

Não há segredo! Para descobrir se é necessário ou não o uso do pronome reflexivo, basta analisar o sujeito e o objeto da ação.

Agora falaremos sobre o pronome recíproco.

O pronome recíproco indica ação mútua entre os sujeitos.

No caso do pronome recíproco, uma observação inicial é necessária: todo pronome recíproco é um pronome reflexivo, nem todo pronome reflexivo é um pronome recíproco. Como assim, Noni? Eu não entendi. Pois é, parece bastante complicado, mas não é.

Os pronomes reflexivos nos, vos e se, representando as pessoas do plural (nós, vós, eles/elas), aparecem, em algumas circunstâncias, causando ambiguidade. Veja a seguir:

João e Maria enganaram-se.

Há duas interpretações para a sentença acima. Primeira: ambos, João e Maria, cometeram um engano. Segunda: João enganou Maria e Maria enganou João. Diante da ambiguidade, não há um certo ou errado, fica a critério do leitor escolher o significado, o que, na escrita, é fundamental evitar.

Portanto, o correto seria, para a primeira interpretação, João e Maria enganaram-se a si mesmos, enquanto, na segunda, João e Maria enganaram-se um ao outro.

É necessário atentar-se sempre à ambiguidade e evitá-la. Então, se o sujeito e o objeto da ação forem os mesmos e o pronome estiver em alguma das pessoas do plural, você pode estar diante de um caso de pronome recíproco, nesse caso, pode existir mais de um significado para a sua frase.

Mesmo que esses tipos de pronomes estejam caindo em desuso na linguagem coloquial, ainda são imprescritíveis na linguagem culta e fazem muita diferença no sentido de uma sentença.

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