Entrevista com o escritor José Roberto Vieira

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Por: Cyndi
(Team Liga dos betas)


Olá, sou a Cyndi e trago a segunda de uma série de entrevistas que será muito útil para qualquer um que leve a literatura a sério. Fui atrás de pessoas que já publicaram profissionalmente e/ou trabalham em editoras, e teremos coisas muito interessantes. Dicas, conselhos e alertas de quem já chegou onde todos nós sonhamos em chegar: ter um trabalho nas prateleiras de uma livraria e ganhar alguma coisa com isso.

Dessa vez o entrevistado é o José Roberto Vieira, escritor de steampunk e companheiro de cyberativismo. O trabalho dele pode ser encontrado aqui:http://editoradraco.com/?s=jos%C3%A9+roberto


Cy: Oi! Quenhé você? (aproveita pro jabá)

JR: Bom, eu sou o José Roberto Vieira, também conhecido como Zero. Sou formado em Letras e Licenciatura pelo Mackenzie, especialista em Jornalismo pelo SENAC e Psicologia pela Universidade de Toronto.

Eu escrevi um livro chamado “”O Baronato de Shoah – a canção do silêncio” que é o primeiro romance steampunk brasileiro e eu acho que você deveria ler esse livro por que ele é muito legal, tem um monte de explosões, aventura, romance e mistérios.

Além dele eu tenho dois contos (até o momento desta entrevista) publicados pela editora Draco, um deles é “O Monge” e o outro “Seolferwulf””, ambos são spin-offs do Baronato de Shoah. Eu acho que você deveria ler ambos por que eles complementam a história do meu livro e você vai se divertir muito.

Sério.


Cy: Há quanto tempo escreve? Como começou e por que resolveu escrever?

JR: Eu comecei a escrever lá pelos meus quinze ou dezesseis anos fazendo fanfics de Final Fantasy (na época a internet era coisa de rico e o termo “fanfic” nem cogitava em existir. Eu também imprimia essas histórias e mostrava pros amigos da escola, que sempre achavam maravilhoso qualquer coisa que eu escrevia, incluindo pichações em muros alheios.

Enfim...

Eu resolvi escrever por que eu me apaixonei pela coisa, sabe? Comecei fazendo histórias bobas, depois jogando RPG de videogame e de mesa, me envolvendo com pessoas com a mesma paixão, estudando, lendo, revisando, lendo, escrevendo, lendo.


Cy: Tem o hábito de mostrar seus textos para outras pessoas? Por que?

JR: Eu sempre estou atrás de leitores betas, sabe por quê? Por que mesmo o melhor dos autores precisa de críticas antes de lançar seu livro, é impossível detectar erros e deslizes nas suas histórias, depois de 3 meses com a cara enfiada na tela você simplesmente fica “viciado”” no seu texto e não consegue mais ver as imperfeições nele.

Entregar o texto para as pessoas é importante por isso, geralmente os primeiros leitores vão fazer críticas muito parecidas com o grande público. É uma preparação para o devir, para o seu futuro.


Cy: O que você espera de um beta reader quando envia algo pra ele?

JR: No geral eu direciono os beta readers, explico o que eu queria passar no texto e deixo que eles encontrem os recursos literários que eu usei. Na maioria das vezes funciona, na maioria das vezes eles encontram ou gostam de coisas que eu nem sabia estarem ali.

Mas, às vezes, eu não falo nada, apenas mando o arquivo e uma sinopse temporária e espero a respostas. É surpreendente ler as críticas, principalmente quando envio o texto para várias pessoas e cada uma delas responde coisas diferentes.

O que eu faço nesse caso?

Eu trabalho com graduações, das coisas mais comentadas para as menos comentadas.

Primeiro eu vou aos pontos em comum em todas as críticas e os analiso. Convenhamos, se você mandou seu texto para 10 pessoas e 9 reclamaram que a “conversa no jantar após os personagens se reunirem” não está boa significa que ela realmente tem problemas, não?

Depois é só seguir, pegando o que foi menos comentado até os casos isolados.


Cy:Você já foi beta reader de alguém? Como foi a experiência?

JR: Eu já fui beta de vários autores, incluindo um pessoal meio famoso, mas eu parei por que betar um livro é uma tarefa muito importante que exige tempo, concentração e dinheiro.

Explicando um a um.

Envolve tempo por que você tem de deixar de lado suas leituras.

Envolve concentração por que você não está lendo “normalmente”, você está procurando problemas e incoerências.

E envolve dinheiro por que eu não estou produzindo minhas próprias obras.

Na verdade, o problema é um pouco maior quando você está se tornando escritor profissional. Imagine que você me enviou uma história sobre uma menina que encontra um dragão nas montanhas e eles se tornam grandes amigos e tem de salvar o mundo. Eu leio, falo que não gosto, devolvo.

Dois meses depois eu lanço um livro sobre um guerreiro que monta um dragão e tem que salvar o mundo.

Teoricamente, não é a mesma história. Talvez eu nem tenha me influenciado pela SUA história, mas como eu vou provar o contrário? Eu parei de fazer leituras betas exatamente por isso, depois de lançar algumas histórias no mercado você é obrigado a mudar sua postura e dizer alguns “nãos” para amigos e conhecidos.

Também tem outro fator, eu faço “leitura crítica”” para o mercado editorial e fazer leituras beta (que é uma coisa mais amadora) consome muito do meu tempo.

Enfim...


Cy: Acha que o beta tem algum papel de importância na literatura?

JR: Os leitores beta são importantes exatamente por que não são leitores profissionais, por que, no geral, eles são o público comum, autores de fanfics, pessoas como eu era no começo de carreira. Um autor nunca sabe, exatamente, o perfil de seus leitores beta (diferente do leitor crítico) e pode se surpreender com as respostas obtidas.

Eu apoio os leitores beta!


Cy: O que você diria a centenas (ou milhões) de escritores de fanfics que sonham em chegar a um nivel pofissional?

JR: Não desista. Faça fanfics, depois faça aquels mundos copiados do seu autor favorito, depois faça mundos inspirados no que você gosta, então para para seu próprio mundo diversas vezes, até destruí-lo e criar algo genial.

Funcionou comigo.

(juro que chamei a mim mesmo de gênio totalmente sem-querer.. hahah)


Cy: O que diria a um bando de beta readers de fanfics que sonham em trabalhar profissionalmente com literatura de alguma forma?

JR: Escolha uma área da literatura que te agrada, edição, revisão, capista, copydesque, divulgação e vá atrás disso. O mercado nacional precisa MUITO de sangue novo, de ideias diferentes, de quebrar tradições...

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